O tempo seco e a baixa umidade do ar estão marcando o mês de agosto em Goiás e trazendo consequências sérias para a saúde da população. No último dia 22, o Estado já havia registrado, um total de 7.475 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), sendo 1.320 por Influenza e 320 por Covid-19. Esse número equivale ao total de casos registrados durante todo o ano de 2024. Na mesma data, segundo a Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO), também já haviam confirmadas 471 mortes por SRAG apenas em 2025.
A situação vem pressionando os hospitais estaduais. Em todo o ano passado, foram feitas 13.934 solicitações de internação. De janeiro a julho deste ano, o número já chegou a 11.957. A taxa de ocupação nas unidades de saúde estaduais está acima de 80% nos leitos de enfermaria e ultrapassa 90% nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). Mesmo com o aumento da demanda, a SES afirma que tem conseguido manter o atendimento, com o apoio de unidades municipais, privadas e federais.
A vendedora Maria Neta da Silva, moradora de Aparecida de Goiânia, conta que está vivendo esse problema de perto. Seu filho Gabriel, de 16 anos, com histórico de asma, está internado há nove dias após apresentar sintomas graves. “Ele começou com dor de cabeça, depois dores nas costas, e começou a escarrar sangue. Fiquei muito preocupada e levei ele direto para uma unidade de saúde”, contou.
Maria afirma que o filho sofre com asma, mas que nunca precisou ficar internado. “Ele já teve algumas crises, mas não igual a que ele teve por último, de ficar internado. Ele já está há 9 dias na UPA. Ele foi diagnosticado com bronquiolite e se agravou para pneumonia”, relatou.
Ela ressalta que os profissionais de saúde avisaram que o tempo seco, queimadas e baixa umidade, tem colaborado para o agravamento da saúde. “Os médicos têm comentado comigo, que devido a esse tempo seco, o ar e ele agravou mais por causa disso.”
Diante do crescimento dos casos, a secretaria reforça a importância da vacinação. A subsecretária de Vigilância em Saúde, Flúvia Amorim, lembra que a vacina é gratuita e está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS). “Temos, em sete meses, a mesma quantidade de casos graves de todo o ano de 2024. A vacina evita os casos graves e os óbitos por SRAG, principalmente por Influenza. Temos vacinas para Covid-19 e Influenza e precisamos que as pessoas busquem essa proteção, principalmente os idosos, gestantes e crianças, que são os que mais agravam e vão a óbito”, afirmou.
Apesar da campanha de vacinação, a cobertura ainda é baixa. Em Goiás, apenas 41,68% da população se vacinou contra a gripe, com pouco mais de 1,6 milhão de doses aplicadas, segundo dados do último mês. A vacina está disponível para todas as pessoas a partir dos seis meses de idade. A SES já distribuiu mais de 2,2 milhões de doses para os municípios goianos. Em 2024, a cobertura vacinal para os grupos prioritários chegou a 48,74%.
A baixa vacinação entre os grupos de risco aumenta a chance de complicações e pode comprometer a capacidade de resposta do sistema de saúde. Os dados mostram que a maior parte dos casos ocorre em crianças, enquanto a maioria dos óbitos é entre os idosos. Dos 7.475 casos registrados, 2.831 foram em crianças menores de dois anos, 827 em crianças de 2 a 4 anos, 710 em crianças de 5 a 9 anos, e 1.658 em pessoas com mais de 60 anos. Entre os óbitos, 310 foram em idosos com mais de 60 anos, 41 em menores de dois anos, 45 em pessoas de 50 a 59 anos, e 30 em adultos de 40 a 49 anos.
Em junho, o governo de Goiás chegou a decretar Estado de emergência em saúde pública pela SRAG. A medida permitiu a ampliação de leitos exclusivos para pacientes com doenças respiratórias. Desde 15 de maio, a SES-GO já havia instalado a Sala de Situação de Doenças Respiratórias, que foi transformada no Centro de Operações de Emergência em Saúde (COE-SRAG), com o objetivo de acompanhar os dados em tempo real e garantir resposta rápida ao avanço dos casos.
Calor extremo e seca prolongada agravam situação
O cenário se agrava com as condições climáticas. Segundo o Climatempo, Goiás enfrenta um novo veranico, o terceiro deste ano, com temperaturas que podem ultrapassar os 40°C em algumas regiões. O ar polar que vinha atuando sobre o Brasil se afastou, dando lugar a uma massa de ar quente e seco, que domina o Centro-Oeste. Isso provoca um bloqueio atmosférico, impedindo a entrada de frentes frias e mantendo o calor, especialmente durante as tardes.
O gerente do Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas de Goiás (Cimehgo), André Amorim, aponta que diversas regiões do Estado estão há mais de 100 dias sem chuva, com umidade relativa do ar abaixo de 20%, o que representa nível de alerta máximo para a saúde. A amplitude térmica diária também é significativa: em algumas regiões, a temperatura varia de 14°C pela madrugada a até 38°C à tarde. O calor intenso e o tempo seco também aumentam os riscos de queimadas.
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