A Defensoria Pública do Rio de Janeiro informou, na manhã desta quarta-feira (29), que o número de mortos após a operação policial nos complexos da Penha e do Alemão já ultrapassa 130. Segundo o órgão, 132 pessoas perderam a vida — sendo 128 civis e quatro policiais — durante a ação que mobilizou mais de 2,5 mil agentes das forças de segurança do estado.
Praça da Penha amanhece com corpos estendidos
A Praça da Penha, na zona norte do Rio, amanheceu com dezenas de corpos cobertos por lonas nesta quarta-feira. Moradores relataram que mais de 60 vítimas foram retiradas de uma área de mata no Complexo da Penha durante a madrugada. A Defensoria e ativistas locais afirmam que os números ainda não constam no balanço oficial do governo, que havia divulgado, na terça (28), um total de 64 mortos.
A operação
Batizada de Operação Contenção, a ação foi uma iniciativa conjunta das polícias Civil e Militar, realizada na terça-feira (28) nos complexos do Alemão e da Penha. Segundo a Secretaria de Segurança Pública e o Governo do Estado, o objetivo era combater a expansão do Comando Vermelho (CV) e cumprir 100 mandados de prisão contra integrantes e lideranças da facção.
A operação, resultado de mais de um ano de investigação da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), contou com cerca de 2.500 agentes. Trinta dos alvos seriam membros do CV vindos de outros estados, principalmente do Pará, e que estariam escondidos nas comunidades cariocas.
Ação mais letal da história do Rio
De acordo com o balanço oficial, 64 pessoas morreram — 60 suspeitos e quatro policiais (dois civis e dois militares do Bope). Outras 81 pessoas foram presas, entre elas Thiago do Nascimento Mendes, conhecido como Belão, apontado como operador financeiro do CV e braço direito de Edgar Alves de Andrade, o Doca ou Urso.
A operação também resultou na apreensão de 93 fuzis, número próximo do recorde histórico de armas desse tipo retiradas de circulação em um único mês.
Durante os confrontos, drones policiais registraram criminosos fortemente armados fugindo pela mata da Vila Cruzeiro. Em resposta, traficantes usaram drones para lançar bombas sobre a comunidade. O aparato policial envolveu helicópteros, blindados e veículos de demolição.
Foto: Redes Sociais
A ação causou paralisações em diversos serviços: escolas e unidades de saúde suspenderam o atendimento, e linhas de ônibus tiveram trajetos interrompidos.
Rio de Janeiro amanhece sem bloqueios após dia de retaliações
Depois de mais de 12 horas de bloqueios e incêndios provocados por criminosos em diferentes pontos da cidade, o Rio de Janeiro amanheceu sem vias interditadas nesta quarta-feira (29). De acordo com o Centro de Operações e Resiliência (COR), a última via liberada foi a Autoestrada Grajaú-Jacarepaguá, no sentido Jacarepaguá, às 2h45.
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes informou nas redes sociais que o município retornou ao Estágio 1, nível de normalidade, após permanecer por 16 horas no Estágio 2 — classificação que indica ocorrências de alto impacto com risco de agravamento. “Estamos voltando a cidade para o Estágio 1. Modais operando normalmente, cidade fluindo com normalidade. Permanecemos atentos”, escreveu Paes.
Segundo o g1, criminosos incendiaram veículos e usaram ônibus como barricadas em várias regiões. O Rio Ônibus informou que 71 coletivos foram tomados e 204 linhas ficaram temporariamente paralisadas. Corredores importantes, como a Avenida Brasil e as linhas Amarela e Vermelha, além das rodovias BR-101 e BR-040, chegaram a ser bloqueados.
No meio da tarde de terça-feira, as empresas de transporte decidiram recolher os ônibus às garagens, o que deixou milhares de passageiros a pé. Houve relatos de moradores que caminharam até cinco quilômetros para conseguir retornar para casa.





