O Senado dos Estados Unidos aprovou, nesta terça-feira (28/10), um projeto de lei que prevê a revogação das tarifas impostas ao Brasil pelo presidente Donald Trump. As medidas atingem produtos como petróleo, café e suco de laranja. A proposta, no entanto, deve enfrentar resistência na Câmara dos Representantes, de maioria republicana.
Texto contra as tarifas
O texto foi apresentado pelo senador democrata Tim Kaine, da Virgínia. Segundo ele, a votação teve caráter simbólico e buscou sinalizar insatisfação com a política tarifária adotada pelo governo federal. Kaine afirmou ainda que as medidas de Trump geraram impactos econômicos negativos e devem ser revistas.
A iniciativa propõe anular o estado de emergência nacional que permitiu a imposição de tarifas de importação de até 50% sobre produtos brasileiros desde agosto. A medida foi adotada por Trump como estratégia para conter o déficit comercial norte-americano.
Apesar da aprovação no Senado, a proposta dificilmente avançará na Câmara. A ala republicana mantém apoio majoritário às políticas de comércio exterior implementadas pelo ex-presidente. Mesmo assim, o projeto abriu espaço para um novo debate sobre a relação comercial entre Washington e Brasília.
A votação ocorre em meio à retomada das negociações entre os dois países. No último domingo (26), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump se reuniram na Malásia por cerca de 45 minutos. Durante o encontro, discutiram alternativas para reduzir as barreiras comerciais e avaliaram os impactos das tarifas.
Lula afirmou que o objetivo é buscar resultados práticos para os exportadores brasileiros. “O que importa em uma negociação é olhar para o futuro. A gente não quer confusão, quer resultado”, declarou. Trump, por sua vez, disse que o encontro foi “muito bom”, mas destacou que não há garantias de um acordo imediato.
Senado aprova proposta que revoga tarifas de Trump. Foto: Divulgação
Na segunda-feira (27), representantes comerciais dos dois governos realizaram a primeira reunião técnica. O grupo, formado por autoridades como o chanceler Mauro Vieira, o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Márcio Rosa, e o embaixador Audo Faleiro, estabeleceu um cronograma de trabalho para os setores mais afetados.
O ministro do Desenvolvimento e vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, informou que as negociações seguirão nas próximas semanas. Lula também propôs a suspensão temporária das tarifas enquanto o processo estiver em andamento, seguindo o modelo de acordos firmados com México e Canadá.
O governo brasileiro contestou as justificativas norte-americanas para as tarifas e apresentou dados que mostram um superávit de US$ 410 bilhões acumulado pelos Estados Unidos na balança comercial com o Brasil nos últimos 15 anos. “No G20, só três países têm superávit com os EUA: Brasil, Reino Unido e Austrália”, afirmou o presidente.
Entidades empresariais como a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Câmara Americana de Comércio (Amcham) classificaram a reunião como um avanço no diálogo bilateral. O setor produtivo espera que um acordo definitivo seja firmado nas próximas semanas.










