O rendimento médio dos brasileiros alcançou, no quarto trimestre de 2024, o maior valor já registrado no País: R$ 3.270. O dado foi divulgado no boletim Emprego em Pauta, elaborado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), e marca uma retomada no crescimento dos ganhos após anos de estagnação.
Esse desempenho reflete os efeitos da recuperação econômica após a crise provocada pela pandemia da Covid-19 e também o fortalecimento das políticas de valorização do salário mínimo e de geração de empregos formais.
Embora o avanço seja relevante — com alta de 7,5% entre 2022 e 2024 —, ele ainda carrega desigualdades. Segundo o levantamento, os 10% mais ricos tiveram ganhos médios de R$ 901 no período, enquanto os ocupados com as menores remunerações receberam um acréscimo de apenas R$ 76 mensais.
Além disso, quase um terço da população ocupada no Brasil continuava, no final de 2024, a viver com até um salário mínimo por mês, o que demonstra as dificuldades enfrentadas por milhões de brasileiros.
Outro dado importante mostrado pelo estudo foi o aumento do rendimento domiciliar per capita, que cresceu mais de 14% entre 2022 e 2024. Ao mesmo tempo, a desigualdade de renda no Brasil caiu para o menor patamar da série histórica, iniciada em 2012, com o Índice de Gini reduzido para 0,506.
Além do aumento nos rendimentos, o número de ocupados no Brasil também subiu significativamente: foram 4,4 milhões de novos trabalhadores entre 2022 e 2024. No acumulado desde 2020, o País viu a entrada de 16,6 milhões de pessoas no mercado de trabalho.
Goiás supera média nacional e alcança recorde histórico
Em Goiás, o cenário é ainda mais positivo. O rendimento médio mensal real dos goianos chegou a R$ 3.118 em 2024. Embora o crescimento em relação ao ano anterior tenha sido modesto, de 1%, o Estado registrou o terceiro aumento consecutivo — um feito importante após quatro quedas seguidas entre 2018 e 2021.
Esse resultado representa o maior valor desde o início da série histórica, em 2012. Além disso, pelo segundo ano consecutivo, o rendimento médio dos goianos superou o rendimento médio nacional. No ano passado, o rendimento no País era de R$ 3.057, enquanto Goiás registrava R$ 3.086.
Outro dado que reforça a evolução econômica em Goiás foi a queda na concentração de renda. O Índice de Gini goiano caiu de 0,454 em 2023 para 0,440 em 2024, refletindo uma melhor distribuição de ganhos entre a população. Embora a desigualdade ainda seja uma realidade no estado, a melhora é um indicativo importante de que mais pessoas estão acessando melhores condições econômicas.
Redimento das mulheres
Mesmo com esse avanço, as diferenças entre grupos ainda chamam atenção. O rendimento das mulheres goianas, por exemplo, foi de R$ 2.570 em 2024 — o equivalente a 70% do valor recebido pelos homens (R$ 3.669). Por cor ou raça, a disparidade é ainda maior: pessoas pretas tiveram rendimento médio de R$ 2.487, o que corresponde a apenas 61,8% do valor recebido pelas pessoas brancas (R$ 4.027).
O nível de instrução também se refletiu diretamente nos ganhos. Goianos sem escolaridade formal receberam, em média, R$ 1.855 mensais — menos de 32% do valor obtido por quem concluiu o ensino superior, cuja média foi de R$ 5.821.
Os números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) também mostram que o aumento da renda em Goiás foi acompanhado pela elevação na quantidade de pessoas ocupadas no mercado formal e informal. O rendimento médio mensal real habitualmente recebido em todos os trabalhos chegou a R$ 3.196, representando um crescimento de 3,2% em comparação a 2023.
Esse avanço se refletiu diretamente no rendimento domiciliar per capita, que atingiu R$ 2.059 em Goiás — outro recorde, com crescimento de 20,1% desde 2022. O estado se destacou ainda mais quando comparado com outras regiões do Brasil.
No ranking nacional, Goiás se manteve à frente de estados das regiões Norte e Nordeste, consolidando sua posição entre as unidades federativas de maior rendimento médio no Centro-Oeste, atrás apenas do Distrito Federal.
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