A queda de cabelo é um problema que preocupa homens e mulheres de diferentes idades. Embora seja normal perder entre 50 e 100 fios por dia, segundo especialistas, quando essa quantidade aumenta de forma perceptível ou deixa falhas visíveis no couro cabeludo, é sinal de que algo não vai bem. De acordo com a dermatologista Dra. Camila Rezende, a perda capilar excessiva pode estar relacionada a fatores hormonais, emocionais, nutricionais e até doenças autoimunes, e por isso deve ser investigada com atenção.
“É importante entender que a queda de cabelo não é apenas uma questão estética. Muitas vezes, ela é um reflexo de desequilíbrios internos do organismo. O paciente precisa observar se a perda está se tornando contínua, se há falhas visíveis ou se os fios estão afinando com o tempo. Esses sinais indicam a necessidade de avaliação médica”, alerta a especialista.
Estresse, hormônios e alimentação
Entre as causas mais comuns da queda de cabelo, estão o estresse, as alterações hormonais, o uso inadequado de produtos químicos e a alimentação deficiente em vitaminas e minerais. Dra. Camila explica que o estresse emocional pode desencadear o chamado eflúvio telógeno, uma condição temporária em que grande parte dos fios entra na fase de queda ao mesmo tempo.
“Após períodos de muito estresse, como mudanças de rotina, pós-parto, cirurgias ou até infecções virais, é comum que o cabelo comece a cair de forma acentuada. O importante é identificar a causa e tratá-la, pois o problema costuma ser reversível quando o fator desencadeante é controlado”, explica.
As alterações hormonais, como as que ocorrem durante a menopausa, gravidez ou disfunções da tireoide, também têm papel importante. Além disso, dietas restritivas e deficiências de nutrientes como ferro, zinco, vitamina D e proteínas podem prejudicar o crescimento capilar.
A dermatologista reforça que o uso excessivo de químicas como alisamentos, tinturas e descolorações também enfraquece os fios e pode agravar a queda. “Esses procedimentos devem ser feitos com acompanhamento profissional e respeitando o intervalo entre as aplicações. O excesso causa quebra e danifica a raiz do cabelo, o que dificulta o crescimento saudável”, orienta.
Diagnóstico e tratamento
Quando a queda de cabelo é persistente, o primeiro passo é procurar um dermatologista especializado em tricologia, área da medicina que estuda as doenças do couro cabeludo e dos fios. O diagnóstico é feito com base no histórico clínico, exame físico e, em alguns casos, exames laboratoriais e dermatoscopia um tipo de avaliação com lente de aumento que permite observar detalhes do couro cabeludo.
De acordo com Dra. Camila Rezende, cada tipo de queda tem uma abordagem diferente. “Em casos de eflúvio telógeno, por exemplo, tratamos a causa de base e podemos associar suplementos nutricionais. Já na alopecia androgenética, que tem componente genético e hormonal, utilizamos medicamentos tópicos e orais para estimular o crescimento e impedir a progressão”, explica.
Os tratamentos mais modernos incluem terapias com minoxidil, finasterida, laser capilar e até microagulhamento com drug delivery, técnica que facilita a penetração de ativos no couro cabeludo. Além disso, o PRP (plasma rico em plaquetas), obtido a partir do sangue do próprio paciente, vem sendo utilizado para estimular o crescimento capilar de forma natural.
“No entanto, é fundamental entender que o tratamento é individualizado e exige acompanhamento médico. O uso indiscriminado de medicamentos ou fórmulas manipuladas sem prescrição pode agravar o quadro e até causar efeitos colaterais”, reforça a dermatologista.
Cuidados diários
A prevenção também é parte essencial no cuidado com os cabelos. Dra. Camila orienta manter uma alimentação equilibrada, rica em proteínas, ferro, zinco e vitaminas do complexo B. “Esses nutrientes são essenciais para a formação da queratina, proteína que compõe os fios. Quem tem alimentação pobre nesses nutrientes tende a perceber fios mais finos e quebradiços”, observa.
Outro ponto importante é a higienização correta do couro cabeludo. O acúmulo de resíduos de produtos e oleosidade em excesso pode obstruir os folículos e dificultar o crescimento capilar. “O ideal é escolher shampoos adequados ao tipo de cabelo e evitar lavar com água muito quente, pois isso estimula a oleosidade e irrita o couro cabeludo”, explica.
Pentear os cabelos com delicadeza, evitar prender os fios molhados e proteger o cabelo do sol e da poluição são outras medidas que ajudam a manter a saúde capilar.
Quando a queda merece atenção
É comum que o cabelo passe por fases de crescimento e queda, mas quando o volume de fios no travesseiro, no ralo do chuveiro ou na escova começa a aumentar visivelmente, o alerta deve ser aceso. “Se o paciente percebe que o cabelo está ralo, com falhas ou afinamento constante, deve procurar um dermatologista o quanto antes. O diagnóstico precoce é a chave para um tratamento eficaz e para evitar danos irreversíveis”, afirma a Dra. Camila.
A médica também ressalta a importância de não se automedicar nem acreditar em promessas milagrosas. “Produtos vendidos como soluções rápidas raramente têm eficácia comprovada. O cuidado com os fios precisa ser constante, associado a bons hábitos de saúde e acompanhamento profissional”, conclui.
Em resumo, a queda de cabelo intensa pode ter várias causas e deve ser encarada como um sinal de alerta do organismo. O tratamento adequado depende do diagnóstico preciso e da orientação médica. Além disso, manter uma rotina saudável, com alimentação balanceada, controle do estresse e cuidados diários, é essencial para garantir fios mais fortes e um couro cabeludo equilibrado.