O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou nesta quarta-feira (3), em entrevista coletiva realizada na China, que a tarifa de 50% anunciada pelos Estados Unidos contra o Brasil tem ligação direta com a política interna brasileira e com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Segundo ele, a administração norte-americana utiliza a guerra na Ucrânia como justificativa para medidas que ultrapassam o campo econômico.
Ao comentar sobre as ameaças do presidente Donald Trump de sobretaxar países que mantêm relações comerciais com a Rússia, Putin declarou que o Brasil não apresenta desequilíbrio nas trocas comerciais com os Estados Unidos. Ele citou como exemplo a diferença em relação a Índia e China, países que possuem volume de exportações muito superior e foram alvo das medidas. “Existem desproporções no comércio entre os EUA e a Índia, os EUA e a China. Mas não há desproporção nas relações econômicas entre o Brasil e os Estados Unidos”, disse.
Na avaliação do presidente russo, a questão envolve também as disputas políticas brasileiras. “Há problemas exatamente nas dinâmicas políticas internas, incluindo as relacionadas às interações entre as autoridades atuais e o ex-presidente Bolsonaro. O que a Ucrânia tem a ver com isso?”, questionou.
Em agosto, Trump anunciou a possibilidade de sanções adicionais contra países que mantêm negociações com a Rússia. A medida, segundo ele, buscaria ampliar a pressão para acelerar uma saída para o conflito no Leste Europeu. A Índia foi um dos primeiros países atingidos, ao ver a tarifa sobre suas exportações subir para 50%, em resposta às compras de petróleo russo.
O Brasil, até o momento, não sofreu a aplicação direta das sobretaxas. No entanto, recentes declarações de Trump indicam que os produtos brasileiros podem ser incluídos. O presidente norte-americano chegou a associar a decisão à tentativa de influenciar o julgamento de Bolsonaro, acusado de chefiar uma organização criminosa que teria articulado um golpe de Estado após as eleições de 2022.
Com isso, a relação comercial entre Brasil e Estados Unidos permanece em aberto. Especialistas avaliam que, se a tarifa for de fato implementada, setores estratégicos da economia brasileira podem ser afetados. Ainda assim, o discurso norte-americano segue centrado no impacto da guerra da Ucrânia e na pressão internacional contra Moscou.
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