A Polícia Federal (PF) realizou, nesta terça-feira (27), a quarta fase da Operação Última Milha, com o objetivo de desarticular uma organização criminosa especializada em espionagem ilegal de autoridades dos Três Poderes. Mandados de prisão preventiva e de busca e apreensão foram cumpridos em Brasília (DF), Curitiba (PR), Juiz de Fora (MG), Salvador (BA) e São Paulo (SP), com autorização do Supremo Tribunal Federal (STF).
De acordo com a investigação, o grupo utilizava ferramentas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para acessar, sem autorização judicial, computadores, celulares e sistemas de comunicação. As operações incluíam a criação de perfis falsos e disseminação de fake news com potencial para abalar a estabilidade institucional do país.
As ações da organização também envolviam a oferta de serviços de espionagem e até homicídios por encomenda. A PF identificou cinco integrantes do chamado Comando C4 — sigla para Comando de Caça a Comunistas, Corruptos e Criminosos — formado por civis e militares.
O grupo cobrava até R$ 250 mil para monitorar e assassinar autoridades públicas. A tabela de preços previa R$ 150 mil para senadores e R$ 100 mil para deputados. Para executar os crimes, os suspeitos usavam disfarces como perucas e bigodes falsos, além de drones.
Os investigados podem responder por crimes como organização criminosa, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, interceptação clandestina de comunicações e invasão de dispositivos eletrônicos. Na primeira fase da operação, a PF já havia revelado o uso irregular de um software de geolocalização, contratado com recursos públicos, por servidores da Abin sem autorização judicial.
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