O otimismo das empresas de médio porte no Brasil caiu em 2025, segundo o relatório anual da Grant Thornton. A pesquisa revela que o país perdeu 16 posições no ranking global de confiança empresarial, saindo do 6º lugar em 2023 para a 22ª colocação neste ano. O levantamento ouviu 10.000 empresas em 28 economias. No Brasil, foram 200 entrevistadas no primeiro trimestre.
Brasil perde posições no ranking global
O índice nacional de otimismo recuou de 74% em 2023 para 61% em 2025. O resultado brasileiro ficou abaixo da média global, que se manteve em 62%. A América Latina, como um todo, registrou média de 63%.
A queda da confiança se reflete nas decisões de negócios. Apenas 56% dos empresários brasileiros preveem aumento na receita nos próximos 12 meses, abaixo dos 62% globais. A disposição para investir também caiu: 50% planejam ampliar os investimentos em tecnologia, e 43% pretendem aumentar o quadro de pessoal, contra 52% e 47%, respectivamente, na média mundial.
Alta de juros e inflação
Entre os fatores que explicam a retração, os empresários citam o ambiente regulatório incerto, a alta carga tributária e o custo do crédito. A inflação elevada e os juros ainda altos — apesar da tendência de queda — também geram impacto direto na tomada de decisões.
Em 2023, o Brasil estava entre os dez países mais confiantes do mundo, reflexo da recuperação pós-pandemia. Em 2025, o cenário se tornou mais cauteloso. A escalada da dívida pública, o arcabouço fiscal em avaliação e a desconfiança em relação à reforma tributária reforçam o comportamento defensivo dos gestores.
Redução no investimento
A retração no investimento em capacitação preocupa especialistas do setor. Apenas 44% das empresas pretendem investir em treinamento de pessoal, abaixo da média global de 47%. A contratação de lideranças também perdeu força: 40% indicam disposição para trazer novos executivos, número inferior aos 45% observados no mundo.
A indústria e a construção civil estão entre os segmentos que mais reduziram expectativas de crescimento, segundo o relatório. As áreas de serviços e agronegócio mantêm projeções mais estáveis.
Pesquisa global mostra recuo nos investimentos . Foto: Divulgação
Áreas como construção e indústria tem baixo otimismo
Na construção, a taxa de confiança caiu para 58%, pressionada pelos custos elevados de insumos e pela incerteza sobre programas públicos de infraestrutura. Já a indústria, que apresentava otimismo acima de 70% em 2023, viu o índice recuar para 63% em 2025.
Em contrapartida, o setor de exportação apresentou leve alta na confiança, especialmente por conta do dólar valorizado. Empresas exportadoras apontam maior competitividade em mercados da Ásia e América do Norte.
Exportações ganham fôlego com câmbio
A balança comercial favorável e a demanda internacional por commodities ajudaram o setor externo. Contudo, a falta de previsibilidade política e a insegurança jurídica continuam como entraves para maior expansão.
O estudo da Grant Thornton alerta que a confiança é um dos principais motores do investimento privado. O recuo de 16 posições do Brasil no ranking global acende sinal de alerta para os formuladores de políticas públicas e lideranças empresariais.