O mercado brasileiro de sorvetes viveu um ano de aceleração em 2024, especialmente puxado pelo segmento premium, que, embora conte com menos consumidores, detém a maior parcela dos gastos. Nesse nicho, o tíquete médio supera R$ 44, e algumas redes especializadas em gelato registraram aumento de mais de 30% na base de clientes em relação a 2023. O dado revela a força da chamada “indulgência premium”, em que o consumidor aceita pagar mais por qualidade, experiência e diferenciação.
Mudança no perfil de consumo
Ao mesmo tempo, o perfil de consumo tem mudado. Seis em cada dez brasileiros compraram sorvetes fora de casa ao menos uma vez em 2024, e um terço desse grupo recorreu ao e-commerce para realizar a compra. O delivery e o ambiente online, que já transformaram setores como alimentação e moda, agora redesenham também a forma como sorvetes chegam ao público.
A força dos diferentes canais
A diversidade de canais se consolidou como uma das principais transformações do setor. Sorveterias, ambulantes e supermercados lideram em participação, enquanto fast foods ampliam a frequência de consumo. Já as padarias, embora fiquem atrás em penetração, registram frequência de compra até 35% superior à das sorveterias tradicionais, mostrando que a concorrência entre canais se soma a hábitos complementares.
Inovação e novos hábitos alimentares
Outro motor de crescimento é a inovação. Opções com menos açúcar e gordura, produtos enriquecidos com fibras e proteínas, além de versões plant-based, ganham espaço nas gôndolas. Sorvetes de leite vegetal, à base de coco, soja ou aveia, atraem um público preocupado com saúde e sustentabilidade. Especialistas apontam que os segmentos saudável e vegano devem crescer acima de 7% ao ano, mostrando que a sobremesa gelada já não é apenas indulgência, mas também uma escolha de estilo de vida.
Versões mais saudáveis e sustentáveis ganham espaço nas gôndolas e aplicativos
O peso econômico do setor
O peso econômico do setor é expressivo. São mais de 11 mil empresas, com faturamento anual acima de R$ 14 bilhões e geração de aproximadamente 300 mil postos de trabalho diretos e indiretos. Nesse ambiente, pequenas redes e produtores artesanais ganham espaço ao lado das grandes indústrias, reforçando o caráter democrático do consumo.
Goiás: calor e sorvete o ano inteiro
Em Goiás, o cenário climático reforça ainda mais o potencial do mercado. Desde agosto, ondas de calor intenso vêm elevando os termômetros para até 38 °C, com umidade abaixo de 20%. Setembro, historicamente, é ainda mais crítico: as máximas médias em Goiânia ultrapassam os 31 °C, mas não são raros os dias acima dos 40 °C em cidades do interior. Com o ar seco e a ausência de chuvas, cresce a procura por alimentos refrescantes — e os sorvetes se tornam não apenas indulgência, mas quase necessidade cotidiana.
Além da temperatura, há outro fator relevante: o goiano tem ampliado o hábito de consumir sorvetes fora da sazonalidade do verão. Se antes o produto era associado às férias de fim de ano, hoje se espalha pelo calendário inteiro, impulsionado pelo calor constante do Cerrado e pela maior oferta de produtos premium e delivery. Comer um gelato artesanal em uma cafeteria sofisticada no Setor Bueno, em Goiânia, ou pedir um pote de sorvete vegano pelo aplicativo em Anápolis já não é luxo, mas parte da rotina de uma classe média em busca de conforto e frescor.
Combinando inovação, novos canais e o impacto do clima, o mercado de sorvetes no Brasil — e especialmente em Goiás — caminha para um futuro robusto. Para especialistas, as empresas que souberem unir prazer, conveniência e responsabilidade ambiental terão mais chances de conquistar o consumidor que, cada vez mais, enxerga no sorvete não apenas um doce, mas uma experiência completa.
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