O mercado de galpões logísticos no Brasil vive um momento de franca expansão. Mesmo em um cenário de juros elevados e economia desafiadora, o setor atingiu crescimento expressivo, movimentando cifras bilionárias e consolidando-se como um dos segmentos mais promissores do mercado imobiliário. A força do e-commerce e a busca por ativos de maior qualidade têm sustentado esse movimento, que já desperta atenção de investidores nacionais e internacionais.
Crescimento robusto e imóveis de maior qualidade
O volume de transações com galpões logísticos atingiu R$ 3,2 bilhões no primeiro semestre de 2023, uma alta de quase 20% em relação ao mesmo período do ano anterior. O detalhe é que o número de operações foi menor: caíram de 15 para 8. Isso indica que o setor, em vez de se expandir em quantidade, valorizou ativos de maior porte e qualidade. O preço médio do metro quadrado também subiu cerca de 12%, chegando a R$ 3.572.
Já em 2025, a absorção bruta ultrapassou 1,1 milhão de m², o maior patamar dos últimos quatro anos. Ao mesmo tempo, a taxa de vacância — medida que indica a quantidade de imóveis disponíveis — caiu para 7,9%, a mais baixa já registrada no segmento. O preço médio de locação também avançou e já passa dos R$ 29 por metro quadrado em nível nacional, chegando a quase R$ 32 em regiões de maior demanda, como São Paulo.
Esses números revelam a resiliência do setor diante de um cenário macroeconômico adverso. Enquanto outros ramos imobiliários enfrentam retração, os galpões seguem valorizados, especialmente por serem estratégicos para cadeias de consumo e distribuição cada vez mais complexas.
Goiás ganha protagonismo na logística nacional
Localizado no coração do país, Goiás se consolidou nos últimos anos como um dos polos mais estratégicos do setor logístico. Entre 2023 e 2025, mais de 190 novas empresas dos ramos de distribuição, indústria e logística se instalaram ou anunciaram projetos em cidades como Goiânia, Aparecida de Goiânia, Anápolis e Senador Canedo.
A procura crescente elevou os preços de locação em até 25%, dependendo da região e do padrão construtivo. Os retornos também chamam a atenção: imóveis logísticos em Goiás têm proporcionado rendimentos brutos mensais entre 0,9% e 1,2% do valor investido, o que equivale a retornos anuais entre 10,8% e 14,4%. Trata-se de índices superiores à média nacional, que varia entre 8% e 12%, e muito acima do mercado residencial, cujo retorno anual gira entre 4% e 6%.
Essa valorização reflete não apenas a força do comércio eletrônico e da indústria, mas também a posição privilegiada do estado no entroncamento de grandes rodovias e ferrovias, o que facilita o escoamento de produtos para todas as regiões do Brasil.
Inovação e sustentabilidade como diferenciais
O crescimento da demanda por galpões logísticos também impulsionou uma transformação no perfil das construções. Cada vez mais, investidores e empresas buscam ativos de classe A, com pé-direito alto, grandes áreas de manobra, sistemas de automação e soluções sustentáveis, como energia solar e refrigeração eficiente.
Essas características não apenas reduzem custos operacionais como também se alinham às exigências ambientais, sociais e de governança (ESG), que hoje são prioridade para fundos de investimento e grandes empresas. Outro movimento importante é o surgimento de galpões multinível, construídos em áreas de terreno escasso e caro, especialmente nas regiões metropolitanas, onde a proximidade com centros consumidores é um fator decisivo.
Além do e-commerce, setores como farmacêutico, alimentício e de tecnologia têm ocupado cada vez mais espaço nos galpões logísticos, diversificando a carteira de inquilinos e fortalecendo a atratividade para investidores.
Investidores em galpões de Goiás registram ganhos brutos mensais entre 0,9% e 1,2%
Apesar dos desafios da economia, o futuro do setor de galpões logísticos no Brasil é considerado promissor. A combinação de comércio eletrônico em expansão, descentralização da logística e inovação construtiva deve manter o segmento aquecido.
Especialistas apontam que a descentralização — com a criação de hubs urbanos e regionais menores — será uma das principais tendências. Esse modelo reduz custos de transporte e encurta prazos de entrega, atendendo às exigências de consumidores cada vez mais imediatistas.
O estoque nacional, que hoje supera os 34 milhões de metros quadrados, deve crescer de forma consistente, com mais de 4 milhões em construção e previsão de novas entregas nos próximos anos. Embora os custos com terrenos em regiões metropolitanas representem um desafio, a busca por áreas fora do eixo Sudeste deve abrir novas frentes de expansão no Nordeste, Centro-Oeste e Norte.
No contexto latino-americano, o Brasil já figura entre os líderes desse mercado, ao lado do México. A dimensão territorial e o tamanho do mercado consumidor colocam o país em posição privilegiada para continuar atraindo investimentos.
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