O mercado brasileiro de bicicletas elétricas vive um momento de consolidação e aceleração. Em 2024, foram 53.591 unidades vendidas em todo o país, crescimento de 7,2% em relação a 2023, quando o total foi de 50.004. O faturamento estimado chegou a R$ 511 milhões. A evolução é impressionante: em 2016, o Brasil registrava apenas 7,6 mil e-bikes; hoje, a frota acumulada ultrapassa 284 mil unidades, evidenciando um salto de mais de 270 mil bicicletas elétricas em menos de uma década.
E-MTBs ganham protagonismo e receita
Pela primeira vez, as bicicletas elétricas de mountain bike (e-MTBs) atingiram participação de mercado equivalente às versões urbanas: 50% das vendas para as primeiras contra 48% para as segundas, com as demais categorias — como estrada, cargueiras e dobráveis — somando 2%. Embora dividam o volume de unidades, as e-MTBs respondem por mais de 70% da receita do setor, graças ao preço médio elevado, que pode ser até três vezes maior que o das urbanas. O perfil do comprador desse segmento também difere: costuma ser ciclista experiente, interessado em desempenho e tecnologia, muitas vezes investindo em modelos que superam R$ 70 mil.
Produção nacional dispara em Manaus
O Polo Industrial de Manaus, responsável pela maior parte da produção de bicicletas no Brasil, vive um momento histórico para as elétricas. No primeiro semestre de 2025, foram fabricadas 18.223 e-bikes, alta de 122,6% em relação ao mesmo período de 2024. O volume já representa mais de 10% da produção total do polo. Apenas nos três primeiros meses do ano, saíram das linhas de montagem 6.832 unidades, 87,5% a mais que no início do ano passado. Apesar do avanço, a maior parte da produção ainda é composta por bicicletas convencionais, com as mountain bikes mecânicas na liderança, seguidas por modelos urbanos e infantojuvenis.
Modelos de mountain bike já representam 50% das vendas
Projeções otimistas e novo perfil de consumidor
As estimativas para 2025 indicam que o Brasil poderá fechar o ano com entre 76 mil e 80 mil bicicletas elétricas comercializadas, considerando importações e produção nacional. Entre os fatores que impulsionam o crescimento estão a busca por transporte mais sustentável, a necessidade de mobilidade em grandes centros congestionados e a diversificação do público. Não são apenas atletas ou entusiastas que compram e-bikes: cresce o número de pessoas mais velhas, interessados em lazer sem esforço excessivo, e de trabalhadores que utilizam o veículo para deslocamentos diários, inclusive no setor de entregas.
Entraves: preço, impostos e infraestrutura
Apesar do avanço, o mercado ainda enfrenta barreiras significativas. O preço médio de um modelo urbano varia de R$ 7 mil a R$ 10 mil, enquanto e-MTBs de ponta ultrapassam R$ 70 mil. A elevada carga tributária é apontada por fabricantes e importadores como principal entrave para maior popularização. Além disso, a infraestrutura urbana ainda é insuficiente: muitas cidades carecem de ciclovias seguras, bicicletários e pontos de recarga. A regulamentação, atualizada pela Resolução Contran 996/2023, exige pedal assistido, velocidade máxima de 32 km/h, campainha, sinalização e retrovisor, mas a fiscalização e a conscientização dos usuários ainda são frágeis.
Mercado de usados cresce e comparação com motos
O comércio de bicicletas elétricas usadas vem ganhando relevância, com crescimento de 12% nas vendas em 2024. O segmento atrai consumidores que desejam experimentar a tecnologia antes de investir em um modelo novo. Mesmo assim, a diferença para o mercado de motocicletas é enorme: o Brasil tem mais de 35 milhões de motos em circulação e produz cerca de 1,8 milhão por ano.
Especialistas acreditam, porém, que a expansão das e-bikes não depende de competir diretamente com as motos, mas de ocupar um espaço próprio: deslocamentos curtos, viagens intermodais e lazer. Se mantiver o ritmo atual, o setor pode se firmar como peça-chave na mobilidade urbana brasileira, alinhando crescimento econômico, inovação tecnológica e sustentabilidade ambiental.
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