A médica Claudia Soares Alves, que raptou uma recém-nascida de apenas três horas de vida no Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU), foi demitida do cargo de professora da instituição. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União desta quarta-feira (3).
A neurologista responde por falsidade ideológica e tráfico de pessoas. Ela foi presa em 23 de julho de 2024, em Itumbiara (GO), a cerca de 135 km de Uberlândia, após ser encontrada com a bebê. De acordo com a UFU, a demissão foi baseada na Lei nº 8.112/1990, que rege o funcionalismo público federal.
Concurso e exoneração
Claudia havia sido aprovada em primeiro lugar no concurso da Faculdade de Medicina em março de 2024. Ela tomou posse em 13 de maio e iniciou as atividades no dia seguinte. No entanto, a universidade instaurou um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) logo após a confirmação da autoria do crime.
Segundo a instituição, a médica ainda estava em estágio probatório — período de três anos em que novos servidores são avaliados. Por isso, não há possibilidade de recurso dentro da UFU.
A exoneração foi assinada no dia 1º de setembro e publicada na portaria nº 5.906. No documento, a universidade cita que a médica manteve conduta incompatível com a moralidade administrativa, se valeu do cargo para obter proveito pessoal e cometeu crime contra a administração pública.
O rapto
Disfarçada de pediatra, a médica entrou no quarto da recém-nascida usando jaleco, luvas, máscara e crachá da UFU. Segundo o pai, Édson Ferreira, ela se apresentou como profissional de saúde, examinou a mãe e levou a bebê dizendo que iria alimentá-la.
“Ela era muito bem articulada. Entrou, mexeu nos peitos da minha esposa para ver se tinha leite, disse que era pediatra e que ia levar a bebê para se alimentar. Minutos depois percebi que a menina não voltava e vimos que ela tinha sido levada”, relatou.
Imagens de câmeras de segurança mostram Claudia chegando ao hospital às 23h18, saindo com a criança nos braços 37 minutos depois e entrando no carro estacionado na rua.
Situação judicial
A médica foi indiciada pela Polícia Civil e chegou a ficar presa por oito meses em Orizona (GO). Em março deste ano, recebeu alvará de soltura e responde ao processo em liberdade no Tribunal de Justiça de Goiás.
Claudia concluiu residência em clínica médica na UFU em 2007 e em neurologia na UFTM em 2011. Desde 2019, também era professora efetiva da Universidade Estadual de Goiás (UEG).
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O advogado de defesa, Vladimir Rezende, afirmou que a médica sofre de transtorno bipolar e estava em crise psicótica no momento do crime, sem capacidade de discernir sobre seus atos.
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