A manga conquistou um lugar de destaque no agronegócio brasileiro. Em 2024, tornou-se a fruta fresca mais exportada do país, superando uva, limão e outras frutas tradicionais, com mais de 350 milhões de dólares negociados no mercado internacional. A fruta tropical, apreciada tanto no Brasil quanto no exterior, se firmou como um ativo estratégico na pauta de exportações do setor agropecuário, com grande aceitação nos mercados da União Europeia, Estados Unidos e Reino Unido.
Exportações em alta e potencial competitivo
O crescimento contínuo da demanda global pela fruta se reflete também nos dados mais recentes de 2025. Até o mês de maio, o país já havia exportado cerca de 73 mil toneladas de manga, gerando mais de 80 milhões de dólares em receitas externas. A performance reforça o potencial competitivo da fruticultura nacional, especialmente das regiões que já se consolidaram como polos produtivos.
São Paulo mantém relevância no mercado interno
No contexto nacional, o Nordeste segue como a principal força exportadora, com destaque para os estados de Pernambuco e Bahia. No entanto, o Sudeste — em especial São Paulo — também demonstra musculatura. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), São Paulo ocupou a terceira posição no ranking dos maiores produtores nacionais de manga em 2023, com 212 mil toneladas colhidas, o equivalente a 12,1% da produção nacional.
Apesar de um leve recuo na produção estadual nos últimos anos, a cadeia produtiva paulista permanece relevante. Dados da Secretaria de Agricultura e Abastecimento apontam que quatro regiões concentraram mais de 80% da produção estadual em 2024. A liderança ficou com a região central, seguida por Ribeirão Preto, São José do Rio Preto e Barretos. No total, o valor da produção da fruta no estado foi estimado em 489 milhões de reais, posicionando a manga como a sexta fruta fresca mais valiosa economicamente em São Paulo.
Valor da produção paulista ultrapassou R$ 489 milhões em 2024
Cerrado goiano desponta como nova fronteira agrícola
Esse cenário de destaque, no entanto, não está restrito aos estados tradicionalmente conhecidos pela fruticultura. No Centro-Oeste, o cultivo de manga começa a ganhar espaço, especialmente em áreas do cerrado goiano. Municípios como Cristalina e Hidrolândia têm apostado na diversificação agrícola e vêm registrando resultados expressivos. Em Cristalina, por exemplo, um produtor que plantou mil pés de manga colheu 31 toneladas na primeira safra, com a fruta sendo comercializada em supermercados da região. Já em Hidrolândia, três mil pés da variedade palmer formam um pomar iniciado há poucos anos, mas que já apresenta produtividade acima da média nacional.
Segundo técnicos agrícolas que acompanham essas iniciativas, o desempenho surpreendente é fruto de uma combinação entre o clima favorável do cerrado, práticas adequadas de manejo e investimentos em variedades mais adaptadas à região. A produtividade registrada — cerca de cinco caixas por planta — supera as expectativas tradicionais do cultivo, que costumam estimar esse volume apenas após oito anos de maturação. Isso tem atraído o interesse de produtores locais e acelerado a expansão da cultura em áreas antes dominadas por outras frutas, como a laranja.
Valor nutricional e aceitação no mercado impulsionam cadeia produtiva
A valorização da manga se apoia não apenas em seu apelo ao consumidor, mas também em seu valor nutricional, versatilidade culinária e boas margens de retorno para os produtores. A fruta é rica em vitaminas, minerais e fibras, e sua aceitação cresce tanto no mercado interno quanto externo, impulsionando a profissionalização da cadeia produtiva.
Para além dos números e das boas colheitas, o avanço da manga reflete uma tendência mais ampla da fruticultura brasileira: a busca por produtos de alto valor agregado, com grande aceitação internacional e potencial de crescimento sustentável. A ampliação do acesso ao crédito rural, os investimentos em tecnologia e a abertura de novos mercados têm criado um ambiente favorável para o setor.
Fruticultura estratégica e perspectivas para o futuro
O governo federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária, vem destacando a fruticultura como eixo prioritário de desenvolvimento. Com o lançamento do Plano Safra 2025/2026, a expectativa é de que mais recursos e linhas de financiamento estejam disponíveis para os fruticultores, fortalecendo ainda mais esse segmento.
Nesse contexto, a manga se consolida como símbolo de uma fruticultura moderna, integrada e voltada para o futuro. A combinação entre desempenho exportador, expansão regional, agregação de valor e aumento da produtividade posiciona a fruta não apenas como uma delícia tropical, mas como um negócio promissor em escala global. E com a crescente exigência por alimentos saudáveis, sustentáveis e de qualidade, tudo indica que esse é apenas o começo da ascensão da manga na economia agrícola brasileira.
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