A Justiça de São Paulo suspendeu os resultados do concurso público para investigador da Polícia Civil. A decisão foi tomada nesta terça-feira (20), após denúncias de irregularidades durante a prova oral. Segundo os autos, examinadores teriam utilizado questões formuladas por um cursinho preparatório, em vez do material oficial da Academia da Polícia Civil (Acadepol).
De acordo com a denúncia, a prática beneficiou candidatos que tiveram acesso prévio ao conteúdo por meio das aulas do cursinho Concurseiro PRO. Uma imagem feita durante a aplicação da prova mostra uma examinadora lendo um documento do curso. Em junho, a instituição chegou a comemorar em redes sociais a aprovação de mais de 100 alunos no certame.
O concurso oferta 1.250 vagas de investigador, com salário inicial de R$ 5.879,68. A decisão de segunda instância, relatada pelo desembargador Aliende Ribeiro, do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), destacou que o uso de material de cursinho compromete a isonomia entre os concorrentes. Para ele, a prática configura violação aos princípios da moralidade, impessoalidade e legalidade.
Com a decisão, o Estado de São Paulo está impedido de homologar o resultado final do concurso. As fases anteriores continuam válidas, mas a nomeação dos aprovados segue suspensa até o julgamento definitivo da ação.
O Concurseiro PRO se manifestou por meio de nota, alegando que seus professores apenas reproduziram perguntas feitas em arguições públicas de concursos anteriores, com o objetivo de preparar os alunos. A instituição negou qualquer vínculo com a banca examinadora e disse que não teve influência na escolha das questões no exame oral.
Candidatos que participaram da seleção relataram frustração com o caso. Um deles, que deixou o curso de formação da Polícia Militar de Santa Catarina para seguir no concurso paulista, afirmou que teve sua trajetória comprometida. “Eles brincam com sonhos, com vidas”, declarou.
A diretora da Acadepol, Márcia Ruiz, afirmou que os concursos da corporação continuam em andamento. Segundo ela, liminares judiciais têm sido cumpridas, sem comprometer a sequência das etapas. A seleção está atualmente na fase do exame psicotécnico para candidatos beneficiados por decisões judiciais, além dos exames médicos para pessoas com deficiência.
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