O Tribunal do Júri que julgava o motorista Jhonatan Murilo, de 22 anos, acusado de matar quatro policiais do Comando de Operações de Divisas (COD) foi declarado nulo pelo juiz responsável, após quase 19 horas de sessão, por conta de uma irregularidade identificada no processo de votação dos jurados.
O caso ganhou repercussão não apenas pela gravidade do acidente — que chocou a comunidade e mobilizou as forças de segurança —, mas também pela forma como o julgamento foi conduzido até o ponto em que se tornou inapto a gerar uma decisão válida.
Jhonatan responde por homicídio qualificado com dolo eventual pelas mortes de Gleidson Rosalen Abib, Liziano José Ribeiro Júnior, Anderson Kimberly Dourado de Queiroz e Diego Silva de Freitas — todos integrantes do COD que estavam na viatura no momento da colisão.
O que aconteceu no julgamento
Durante o júri realizado na terça-feira (16), os jurados foram instruídos a escolher uma entre duas opções — “sim” (em favor da condenação) ou “não” (contra a condenação) — após os debates, depoimentos e instruções legais fornecidas pelo magistrado. Cada membro do Conselho de Sentença deveria depositar sua escolha individualmente em uma urna lacrada, garantindo o sigilo e independência do voto.
No entanto, em determinado momento da votação, o juiz percebeu que uma das juradas não estava selecionando sua cédula de forma livre, mas sim sorteando o resultado antes de depositá-lo na urna — um procedimento que foge completamente às regras legais e pode comprometer a lisura do julgamento.
Frente a essa conduta irregular, o magistrado declarou a nulidade do júri, reconhecendo que a ação da jurada interferiu no rito previsto em lei e invalidou o processo decisório daquele Conselho de Sentença.
Consequências da anulação
Com a anulação, todo o trabalho desenvolvido ao longo das quase 19 horas de julgamento foi desconsiderado. Isso significa que os depoimentos de testemunhas, debates e deliberações não produziram um veredito válido, e o processo precisará ser reaberto para um novo júri, com outro Conselho de Sentença composto por novos jurados.
A expectativa é de que o novo júri aconteça em fevereiro de 2026.
A defesa de Jhonatan Murilo ainda não se manifestou.
Relembre o acidente envolvendo a viatura do COD
O acidente aconteceu no dia 24 de abril de 2024, na altura do km 83, quando o veículo de grande porte acabou tombando sobre o veículo do COD. Liziano, Anderson e Diego não resistiram aos ferimentos e morreram ainda no local.
Já Gleidson, que era subtenente em Anápolis, chegou a ser socorrido por uma Unidade de Emergência da concessionária e encaminhado ao Hospital Municipal de Caçu, mas também faleceu.
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