Em nova tentativa de minimizar os relatórios técnicos da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), que apontam riscos graves e irregularidades na operação do lixão de Goiânia, o prefeito Sandro Mabel organizou um lanche no próprio local. Ele levou auxiliares e aliados para gravar um vídeo em que rebate as denúncias.
“Já lanchei, já tomei refrigerante, não tem mosquito, não tem urubu”, diz a chefe de gabinete da prefeitura, convocada por Mabel a prestar depoimento diante da câmera. Também participa da ação o presidente da Associação Brasileira de Resíduos Sólidos (Abrema), Pedro Maranhão, que já havia classificado como “medieval” a gestão do lixo em Goiânia.
Durante a gravação, é possível ouvir fogos de artifício ao fundo no momento em que o prefeito conversa com Maranhão, em mais um gesto simbólico contra os alertas ambientais.
O lixão da capital, que funcionava como aterro sanitário desde 1993, perdeu sua licença ambiental em 2011. Apesar de um acordo firmado com o Ministério Público para regularização da situação, a prefeitura descumpriu as exigências pactuadas. Em 2025, a Justiça chegou a determinar a interdição do local, mas a decisão foi revertida a pedido do município. A Semad, responsável pela fiscalização, passou então a aplicar multa diária à administração e convocou o município para elaborar um plano de desmobilização da área.
Um novo relatório técnico da Semad, publicado em maio deste ano, acentuou a gravidade da situação. O documento lista ao menos 12 falhas críticas no lixão, como a ausência de todas as licenças ambientais obrigatórias, a proximidade com áreas residenciais, falhas nos sistemas de impermeabilização e drenagem, risco de deslizamento e a presença de animais vetores de doenças.
Apesar das evidências técnicas, a prefeitura insiste em deslegitimar as conclusões dos órgãos ambientais. Ao transformar o lixão em palco político, a gestão de Sandro Mabel contraria recomendações de especialistas e ignora alertas sobre os riscos à saúde pública e ao meio ambiente.
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