Clientes de um advogado que atua em Goiânia foram vítimas de um golpe aplicado por meio de perfis falsos no WhatsApp. Usando foto, nome e número de registro do profissional, os criminosos entravam em contato com pessoas que possuem processos judiciais e pediam transferências bancárias, alegando que o dinheiro seria devolvido após uma suposta liberação judicial.
Nos últimos dois meses, quatro ocorrências foram registradas envolvendo o nome do advogado Eder Araújo. De acordo com ele, os golpistas utilizam foto, nome e dados profissionais dele para dar credibilidade às abordagens e convencer os clientes a enviar dinheiro.
“Os criminosos afirmam que, para receber o valor supostamente liberado pela Justiça, o cliente precisa enviar antes uma quantia como ‘garantia’. Prometem que, em um ou dois dias, após decisão do juiz, o cliente receberá tanto o dinheiro enviado quanto o valor do processo”, explicou o advogado.
Golpistas usam dados reais e enganam vítimas
Uma das vítimas, enfermeira e moradora da capital, chegou a transferir R$ 75 mil aos golpistas. Segundo o advogado, a mulher guardava o dinheiro como reserva financeira de uma vida inteira.
“Ela encaminhou R$ 75 mil. Trata-se de uma senhora idosa, enfermeira, que juntou todo o seu dinheiro — era sua reserva. Em um momento de euforia, enquanto trabalhava, acabou realizando a transferência. Depois disso, os criminosos pararam de responder”, relatou Araújo.
Outra cliente chegou a perder R$ 2.500, mas conseguiu perceber a fraude antes de completar as demais transações. “Uma outra cliente perdeu R$ 2.500, mas percebeu o golpe antes de enviar o restante”, contou o advogado.
Araújo disse ainda que o golpe tem se tornado cada vez mais sofisticado. “Essa já é a quarta onda desse golpe envolvendo o meu nome. No início, os golpistas apenas enviavam mensagens simples. Agora, a abordagem está mais elaborada. Só na semana passada, recebi ligações de cerca de 20 clientes informando que foram alvo desse contato fraudulento”, afirmou.
As vítimas foram orientadas a registrar boletim de ocorrência. O advogado reforçou que não solicita transferências por aplicativos e recomendou que qualquer pedido de valores seja confirmado diretamente com ele ou com o escritório.
Como o golpe do falso advogado funciona
Casos como esses têm se multiplicado em Goiás e em outras partes do país. Uma profissional de TI, que preferiu não se identificar, contou que recebeu uma mensagem via WhatsApp informando sobre a liberação de um valor judicial. Ela desconfiou da situação porque o número do contato não era o mesmo do advogado que a representava.
“Inicialmente, até pensei que o telefone do meu advogado havia sido clonado, mas não, era um outro número com a foto dele. Fiquei impressionada, pois tinham meu telefone, meu CPF e até os dados do meu processo”, relatou.
A mulher evitou o golpe e entrou em contato diretamente com seu advogado, que confirmou que não havia nenhum valor a ser recebido. “Foi um alívio falar com ele e confirmar que o processo continua em andamento. Não deveria fazer nenhum Pix”, contou.
De acordo com Emerson Duarte, professor e especialista em segurança da internet da Estácio, a fraude é resultado de engenharia social — técnica usada por criminosos para manipular pessoas e obter informações sigilosas. “Antes de fazer qualquer transferência via Pix ou boleto, é importante confirmar os dados bancários diretamente com o advogado ou escritório. Os pagamentos devem ser feitos apenas em contas vinculadas ao profissional ou à empresa, nunca para terceiros”, orientou Duarte.
O especialista alerta que criminosos podem conseguir dados reais de processos por meio de sites de tribunais, como o PJe, ESAJ e PROJUDI, que permitem a consulta pública de ações. Além disso, informações pessoais são frequentemente vendidas em sites ilegais e na deep web, a partir de vazamentos de empresas e bancos de dados.
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Como se proteger e onde denunciar
Para confirmar a identidade de um advogado, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) oferece uma plataforma oficial: confirmadv.oab.org.br. O usuário pode inserir o número de inscrição, estado e e-mail do profissional para validar o registro.
Entre as medidas de prevenção recomendadas estão desconfiar de contatos inesperados, evitar enviar dinheiro sem confirmação direta, e nunca clicar em links suspeitos. Também é importante guardar provas — como prints de conversas, áudios e comprovantes — caso seja necessário registrar ocorrência.
Em Goiás, as denúncias sobre o golpe do falso advogado e outros crimes virtuais devem ser encaminhadas à Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Cibernéticos (DERCC), que investiga fraudes online e clonagem de perfis. A unidade é coordenada pela delegada Marcella Cordeiro Orçai e fica na Avenida Solar, Praça Padre Romão Cícero (Praça do Violeiro), Setor Urias Magalhães, em Goiânia.
O registro pode ser feito presencialmente ou pelos canais oficiais, pelo telefone (62) 3201-2651 ou e-mail dercc.pcgo@gmail.com
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