O golpe do falso advogado tem se tornado cada vez mais comum em todo o Brasil. Criminosos exploram informações públicas de processos judiciais, como nomes de advogados, números de ações e valores de indenizações, para criar mensagens convincentes. Segundo a Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Goiás (OAB-GO), somente neste ano, mais de 100 denúncias foram registradas no Estado, com prejuízos estimados em cerca de R$ 300 mil.
A fraude envolve documentos falsificados, perfis em redes sociais e até vídeos produzidos por inteligência artificial, simulando a presença legítima do advogado ou do escritório, tornando o golpe extremamente convincente e perigoso para pessoas que não verificam a procedência das informações.
O aposentado Renato Bonfim por pouco não fez parte das milhares de vítimas desse golpe. Através do WhatsApp ele recebeu uma mensagem, com a foto de perfil do seu advogado, informando que sua aposentadoria e o retroativo de um processo judicial seriam liberados. A aparente legitimidade da comunicação deixou Renato inicialmente confiante, mas pequenos detalhes chamaram sua atenção.
Bonfim desconfiou ao perceber divergências no valor informado e decidiu confirmar diretamente com seu advogado. “Quando ele falou sobre minha aposentadoria, desconfiei, pois o valor do retroativo estava menor e a conta indicada não era a minha”, relatou. A atitude de checar informações diretamente com o profissional evitou um prejuízo significativo e demonstra a importância da cautela ao lidar com mensagens suspeitas.
Como o golpe é aplicado e medidas preventivas
O modus operandi é detalhado: os criminosos coletam dados públicos de processos, escolhem as vítimas e realizam contato via WhatsApp, telefone ou e-mail. Alegam que a pessoa tem direito a receber valores de ações judiciais, como indenizações, precatórios ou revisões previdenciárias.
Para dar veracidade, enviam documentos falsificados, brasões oficiais, cópias de sentenças, tabelas de cálculos e até ofícios assinados com nomes de juízes e servidores, muitas vezes reais. Em seguida, exigem pagamentos “antecipados” sob pretexto de taxas, impostos ou emolumentos, geralmente via PIX, encerrando o contato e bloqueando a vítima logo em seguida.
O advogado previdenciarista do aposentado, Christiano Gomide, alerta sobre a abordagem correta de um representante legal: “Quando a comunicação envolver valores monetários, o correto é ligar e agendar comparecimento no escritório contratado, nunca tratar de valores por telefone. Em casos de custas processuais, o cliente deve confirmar pessoalmente, solicitando a guia e a decisão judicial correspondente, verificando sempre a origem do tribunal e se a guia corresponde ao processo real. Em caso de dúvida, desligue a ligação, ligue para o número salvo do advogado ou vá pessoalmente ao escritório. Nunca trate de valores por telefone.” Ele ainda informa que a OAB e a Polícia Civil atuam para proteger advogados e clientes, aplicando a Lei Geral de Proteção de Dados e monitorando essas fraudes.
O advogado destaca a importância de ser realizado um boletim de ocorrência junto às autoridades. “É sempre bom registrar o boletim de ocorrência e comunicar a OAB. Só assim a polícia pode monitorar a quantidade de golpes que estão sendo aplicados e de qual região estão sendo aplicados. Assim, abre-se precedentes para uma maior investigação e monitoramento para inibir a atuação dos golpistas”, explica.
Com o crescimentos dos golpes virtuais, a OAB-GO lançou uma cartilha com orientações práticas, ensinando a identificar golpes, reforçar a segurança digital, utilizar canais oficiais de comunicação e evitar divulgar dados sigilosos. Entre as recomendações estão: desconfiar de contatos que envolvam valores, não realizar vídeo chamadas com desconhecidos, registrar boletim de ocorrência ao identificar um golpe, consultar a plataforma da OAB para verificar se o advogado existe de fato e alertar o profissional sobre qualquer suspeita.
Casos como o de Renato mostram que a prevenção, a consulta a fontes oficiais e o acompanhamento jurídico direto podem impedir que fraudes sofisticadas tenham êxito. Com a colaboração da OAB-GO, da Polícia Civil e de órgãos de comunicação, a expectativa é reduzir o número de vítimas e aumentar a responsabilização dos criminosos.
A atenção e a checagem direta com advogados se tornam, portanto, ferramentas essenciais para proteger clientes de perdas financeiras e de transtornos causados por golpes que exploram informações públicas de processos judiciais, garantindo mais segurança e confiança na relação cliente-advogado.
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