A telemedicina, apontada como uma solução viável para reduzir filas de espera e ampliar o acesso ao atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS), ainda é uma realidade distante para a maioria dos municípios brasileiros. Segundo levantamento recente da Frente Nacional dos Prefeitos, apenas 10% das cidades do País contam com serviços de teleconsultas.
A carência é mais evidente nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, onde a escassez de médicos dificulta o atendimento presencial e reforça a necessidade de alternativas digitais.
As áreas mais críticas identificadas no levantamento são oftalmologia, ortopedia, neurologia e cirurgia geral, especialidades frequentemente com alta demanda e profissionais insuficientes. Nesse cenário, o Estado de Goiás aparece como uma exceção positiva,dados da Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO) revelam que 52 municípios goianos já oferecem serviços de telemedicina na rede pública.
No último ano, foram realizados 12.790 atendimentos via teleconsulta, distribuídos em 12 especialidades médicas, como endocrinologia, cardiologia, neurologia, psiquiatria, pneumologia e reumatologia. A expansão do programa tem contribuído para desafogar a atenção especializada presencial, garantir equidade no acesso e qualificar os serviços prestados nas unidades básicas de saúde.
Segundo a superintendente de Políticas e Atenção Integral à Saúde da SES-GO, Paula dos Santos Pereira, a iniciativa tem mudado a lógica da assistência no Estado: “A telemedicina tem sido uma estratégia fundamental para alcançar a população em locais onde o acesso à saúde especializada é difícil. Estamos promovendo um cuidado mais humanizado e resolutivo, com maior agilidade no diagnóstico e tratamento, sem que o paciente precise sair do seu município para encontrar um especialista”.
Ela ainda explica que os profissionais da atenção primária nos municípios são capacitados e atuam como elo entre o paciente e o especialista remoto, o que fortalece a rede local e melhora o acompanhamento clínico contínuo. O projeto faz parte da estratégia estadual vinculada ao Proadi-SUS, programa nacional de inovação e fortalecimento do SUS em parceria com hospitais de excelência.
Além do atendimento direto ao cidadão, o modelo também impulsiona a formação permanente dos profissionais locais. Durante as teleconsultas, médicos e enfermeiros da atenção primária trocam informações clínicas com os especialistas, o que, na avaliação da SES-GO, amplia a capacidade resolutiva dos serviços municipais.
Para consolidar a política como permanente, tramita na Assembleia Legislativa de Goiás o Projeto de Lei nº 24.294/2024, que propõe regulamentar o uso da telemedicina no âmbito do SUS estadual. A proposta estabelece critérios de qualidade, obrigatoriedade de prontuário eletrônico, responsabilidade técnica e auditoria contínua dos serviços ofertados. O projeto também segue as diretrizes da Resolução nº 2.314/2022 do Conselho Federal de Medicina (CFM), que regulamenta nacionalmente a prática da telemedicina no País.
Além de Goiás, outros Estados também vêm implementando a telemedicina com bons resultados. Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Maranhão, Tocantins, Espírito Santo, Mato Grosso e Rio Grande do Norte estão entre as unidades da federação que já utilizam o modelo com base em programas estaduais ou consórcios regionais de saúde.
Em Minas Gerais, por exemplo, o programa Telessaúde já ultrapassou a marca de 40 mil teleconsultas, com apoio da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). No Paraná, o uso da telemedicina está integrado à Rede Mãe Paranaense e à atenção primária.
Com 246 municípios e mais de 7 milhões de habitantes, Goiás aposta na ampliação do serviço como uma das principais estratégias para reduzir desigualdades regionais, melhorar indicadores de saúde e dar mais resolutividade à atenção básica, especialmente em regiões com alta demanda e poucos recursos médicos especializados.
Em nota enviada ao jornal O HOJE , a Secretaria Municipal de Saúde de Aparecida (SMS) informou que, no momento, não oferece atendimentos por telemedicina. No entanto, a implantação do serviço está prevista no planejamento da pasta e será realizada assim que houver condições para sua implementação.
A SMS destacou que a telemedicina já foi utilizada anteriormente, com resultados positivos, especialmente no acompanhamento de gestantes e durante o período da pandemia de Covid-19.Tentamos contato com a Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia, mas não obtivemos retorno até o fechamento desta edição. O espaço segue aberto para esclarecimentos.
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