Goiás figura entre os cinco estados com melhor desempenho na alfabetização infantil em 2024. O dado é do Indicador Criança Alfabetizada, divulgado nesta sexta-feira (11) pelo Ministério da Educação (MEC), a partir de dados coletados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Segundo o levantamento, 72,7% das crianças goianas da rede pública foram alfabetizadas na idade certa, ao final do 2º ano do ensino fundamental. O índice supera a média nacional, que ficou em 59,2%.
Além de Goiás, os estados com os melhores resultados foram Ceará (85,3%), Minas Gerais (72,1%), Espírito Santo (71,7%) e Paraná (70,4%). O indicador tem como base as avaliações aplicadas em cerca de 2 milhões de alunos de escolas públicas em todo o País, com foco em habilidades básicas de leitura e escrita. A meta nacional para este ano era alfabetizar 60% das crianças na idade adequada. Apesar dos desafios enfrentados por estados como o Rio Grande do Sul, que sofreram com eventos climáticos, o País se aproximou do objetivo.
Em Goiás, o resultado é atribuído à adesão ao Compromisso Nacional Criança Alfabetizada (Cnca), política do governo federal que busca garantir a alfabetização até os sete anos de idade. O programa conta com a participação de todos os estados e 5.558 municípios, e prevê ações como formação continuada de professores, desenvolvimento de avaliações e apoio técnico-pedagógico. O investimento federal no Cnca já ultrapassa R$ 1 bilhão. Para os próximos anos, as metas são de 64% de alfabetização em 2025 e 80% até 2030.
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O estado também participa de ações articuladas com o MEC por meio da Rede Nacional de Articulação de Gestão, Formação e Mobilização (Renalfa), além de iniciativas como a Plataforma de Avaliações Formativas e guias de avaliação contínua. O objetivo central é recuperar as perdas de aprendizagem geradas pela pandemia e garantir que nenhuma criança chegue ao 3º ano sem saber ler e escrever.
Apesar do bom desempenho na alfabetização infantil, dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), também de 2024, apontam que o atraso escolar voltou a crescer no País. Entre crianças e adolescentes de 6 a 14 anos, a proporção de estudantes cursando o ano ou série esperados caiu de 95,4% em 2023 para 94,4%. Já entre adolescentes de 15 a 17 anos, apenas 67,1% estavam matriculados no ensino médio, percentual inferior ao registrado no ano anterior (68,1%) e distante da meta prevista no Plano Nacional de Educação (PNE).
O recuo também foi observado na educação infantil: a taxa de frequência a creches entre crianças de 0 a 3 anos caiu de 37,5% para 36,3%. Especialistas alertam que o acesso à educação desde os primeiros anos é determinante para o desempenho escolar futuro, além de ser uma estratégia importante para a redução das desigualdades.
A mesma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que 213 mil pessoas com 15 anos ou mais ainda são analfabetas em Goiás. A taxa de analfabetismo no estado é de 6,2%, acima da média nacional (5,4%), e permanece praticamente estável desde 2019. Entre os idosos, com 60 anos ou mais, o índice salta para 14%. Entre os quilombolas que vivem em áreas rurais, a taxa ultrapassa 22%, evidenciando a exclusão histórica de grupos vulneráveis.
Frente a esse cenário, a Educação de Jovens e Adultos (EJA) mantém papel fundamental. Em Goiânia, a Secretaria Municipal de Educação continua ofertando turmas para alfabetização e anos iniciais do ensino fundamental, voltadas a pessoas com mais de 15 anos. As ações de busca ativa, por meio de campanhas públicas, visam garantir o direito à escolarização para quem não pôde estudar na idade adequada.
Embora a escolaridade média da população de 25 anos ou mais em Goiás tenha subido de 9,9 para 10 anos, os indicadores mostram que universalizar o acesso não basta. Políticas de permanência, combate à evasão e apoio à aprendizagem são consideradas essenciais para que os avanços da infância se convertam em trajetória escolar contínua.
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