A Prefeitura de Goiânia realizou, na tarde da última quarta-feira (30), a segunda audiência pública do Plano Diretor de Drenagem Urbana de Goiânia (PDDU-GYN), na Câmara Municipal. O evento marcou a apresentação dos diagnósticos das 10 bacias hidrográficas restantes do município e o prognóstico de todas as 14 que compõem o território goianiense.
A iniciativa tem como objetivo nortear intervenções no sistema de drenagem urbana pelos próximos 30 anos, contribuindo para uma cidade mais resiliente às chuvas intensas e com melhor qualidade de vida.
Durante a audiência, o prefeito Sandro Mabel recebeu o documento técnico com as análises das bacias e destacou a importância do plano para o futuro da capital. “O plano de drenagem faz com que possamos tomar as decisões certas, com o apoio de especialistas da Universidade Federal de Goiás (UFG). Teremos as ações corretas, nos momentos adequados, mapeando todos os problemas e encontrando as soluções”, afirmou o prefeito.
Segundo ele, o plano considera tanto intervenções em microdrenagem quanto em macrodrenagem, e prevê soluções como a instalação de caixas de infiltração para recarregar o lençol freático.
Elaborado por uma equipe de mais de 60 pesquisadores da UFG, do Instituto Federal de Goiás (IFG) e da Fundação de Apoio à Pesquisa (Funape), o plano representa o primeiro grande estudo de drenagem da capital em seus quase 92 anos. Foram analisadas as condições de 14 bacias hidrográficas, que influenciam diretamente na recorrência de alagamentos em Goiânia, agravados pelo crescimento urbano desordenado e pela impermeabilização do solo.
Para o coordenador-geral do PDDU-GYN e professor da Escola de Engenharia Civil e Ambiental da UFG, Klebber Formiga, o plano não apenas identifica os problemas atuais, mas projeta cenários futuros. “Vamos apresentar o prognóstico de todas as bacias. Ou seja, como essas bacias estarão daqui a 30 anos e que medidas precisam ser tomadas para que tenhamos uma drenagem mais sustentável”, explicou.
Além da população em geral, participaram da audiência representantes de órgãos técnicos, universidades, vereadores e entidades civis. O vice-coordenador do plano, professor Raviel Basso, destacou que o estudo é crucial para enfrentar as consequências das mudanças climáticas. “Com o aumento da intensidade das chuvas, precisamos de um direcionamento claro. Onde há problemas, atuamos com mitigação. Onde ainda não há, propomos ações preventivas”, pontuou.
Exemplo disso é a situação da Marginal Botafogo, citada pelo prefeito como uma das áreas mais críticas da cidade. “As pontes da Rua 44 dificultam o escoamento da água e causam transbordamentos. Já buscamos cerca de R$ 300 milhões para reformar toda a Marginal”, anunciou Mabel. Outro ponto de destaque é a proposta da prefeitura de perfurar poços de infiltração em calçadas residenciais. A medida pretende reduzir a pressão sobre as galerias pluviais ao permitir que a água da chuva seja absorvida no próprio terreno.
Segundo relatos apresentados na audiência, a capital enfrenta episódios recorrentes de alagamentos. Em janeiro de 2025, cenas de enchentes na Marginal Botafogo e na Rua 87 chamaram atenção. No Jardim América, o jovem motociclista Warley Mello Adorno, de 22 anos, perdeu a vida ao ser arrastado pela enxurrada. Tais eventos demonstram a urgência de intervenções planejadas e estruturais no sistema de drenagem urbana.
A elaboração do plano foi coordenada pela Prefeitura de Goiânia, por meio do Conselho Municipal de Saneamento Básico (CMSB), da Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana (Seinfra) e da Agência de Regulação de Goiânia (AR).
A população pôde consultar os diagnósticos das bacias e enviar sugestões nos sites da Seinfra e da AR até o dia 29 de abril. Segundo o CMSB, as contribuições ajudarão a refinar o plano final, previsto para ser concluído ainda este ano.
O Plano Diretor de Drenagem Urbana de Goiânia pretende integrar a gestão de águas pluviais aos demais serviços de saneamento, respeitando as diretrizes do desenvolvimento urbano sustentável. O horizonte de planejamento vai de 2024 a 2054, e a expectativa é que as ações propostas previnam alagamentos, preservem as nascentes e promovam a segurança hídrica da capital.
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