Celebrado nesta quarta-feira (29), o Dia Nacional do Livro convida a sociedade a refletir sobre o poder transformador da leitura. Mais do que uma simples atividade de lazer, o ato de ler contribui para o desenvolvimento integral das crianças, fortalecendo habilidades cognitivas, emocionais e sociais. De acordo com especialistas, a leitura é uma das ferramentas mais eficazes para estimular a imaginação, o raciocínio e a empatia, sendo essencial desde os primeiros anos de vida.
A psicopedagoga Mariana Duarte explica que o contato com os livros desde a primeira infância pode influenciar significativamente o processo de aprendizagem. “Quando a criança é exposta à leitura, mesmo que ainda não saiba decifrar as palavras, ela começa a desenvolver a escuta, a atenção e a curiosidade. Esses elementos são fundamentais para a alfabetização e para o sucesso escolar futuro”, observa.
Além disso, Mariana reforça que o livro tem um papel afetivo importante. “Quando os pais ou responsáveis leem para as crianças, criam um momento de conexão, de partilha e de acolhimento. A leitura em voz alta, com emoção e entonação, desperta sentimentos e ajuda a fortalecer o vínculo familiar”, acrescenta.
Leitura como ferramenta de aprendizado e imaginação
Entre os principais benefícios da leitura na infância estão o estímulo à imaginação e à criatividade. Ao ouvir histórias, as crianças aprendem a construir cenários mentais, compreender situações e desenvolver empatia pelos personagens. “O livro é um portal que permite à criança explorar o mundo sem sair do lugar. Ela aprende sobre outras culturas, valores e perspectivas de forma lúdica e prazerosa”, explica a psicopedagoga.
No campo cognitivo, os ganhos são igualmente expressivos. A leitura fortalece a memória, o foco e a capacidade de interpretação de texto, além de ampliar o vocabulário e favorecer o domínio da linguagem. “Crianças que convivem com livros desde cedo costumam apresentar maior facilidade em expressar ideias, fazer conexões e compreender conteúdos escolares”, ressalta Mariana Duarte.
Ela destaca ainda que a leitura contribui para o desenvolvimento emocional, pois ajuda a criança a lidar com sentimentos e situações do cotidiano. “As histórias funcionam como um espelho e uma janela. O espelho reflete emoções que a criança reconhece em si mesma, e a janela mostra outras realidades, promovendo empatia e respeito às diferenças”, completa.
O papel da família
Embora as escolas desempenhem papel importante na formação de leitores, especialistas são unânimes em afirmar que o incentivo deve começar em casa. O exemplo dos pais e o acesso aos livros são determinantes. “Crianças aprendem mais pelo exemplo do que pela imposição. Quando veem os adultos lendo, passam a enxergar o livro como algo prazeroso e interessante”, explica Mariana.
Ela recomenda que os pais reservem momentos diários para a leitura compartilhada. “Não é necessário muito tempo. Bastam dez ou quinze minutos por dia para criar um hábito. O ideal é transformar esse momento em algo divertido, sem cobranças. Deixe a criança escolher o livro, pergunte o que ela acha da história e incentive-a a fazer perguntas”, orienta.
Outro ponto destacado é a importância do acesso aos livros. “Nem todas as famílias têm condições de montar uma biblioteca em casa, mas há alternativas acessíveis, como bibliotecas públicas, projetos de leitura em escolas e campanhas de doação. O importante é garantir que a criança tenha contato com diferentes tipos de textos e autores”, reforça a psicopedagoga.
Livro e tecnologia
Com o avanço das tecnologias digitais, muitos pais se preocupam com a substituição dos livros físicos por telas. No entanto, Mariana Duarte acredita que é possível equilibrar os dois universos. “A tecnologia pode ser uma aliada, desde que usada com consciência. Há aplicativos e plataformas que estimulam a leitura de forma interativa, especialmente para crianças em fase de alfabetização. O essencial é que o conteúdo seja de qualidade e que o tempo de exposição às telas seja moderado”, explica.
Ela ressalta que o mais importante é despertar o interesse pela leitura, seja por meio de um livro de papel ou de um e-book. “O formato é secundário. O que realmente importa é o contato com as palavras, as histórias e as ideias. A leitura abre caminhos para o pensamento crítico, para a sensibilidade e para o conhecimento”, acrescenta.
O impacto da leitura no futuro das crianças
Estudos nacionais e internacionais mostram que o hábito da leitura na infância está diretamente ligado ao desempenho escolar e à formação de cidadãos mais conscientes e criativos. “A criança que lê desenvolve não apenas habilidades acadêmicas, mas também competências socioemocionais fundamentais para a vida adulta, como a empatia, a resiliência e a capacidade de resolver problemas”, afirma Mariana Duarte.
Ela reforça que a leitura também contribui para a autoestima e a autonomia. “Ao mergulhar em uma história, a criança se reconhece como parte de um mundo maior e percebe que também pode ser protagonista de sua própria trajetória. Isso é poderoso”, enfatiza.
Para a especialista, investir na formação de leitores é investir no futuro do país. “Um país que lê é um país que pensa. A leitura desperta o senso crítico e amplia horizontes. Quando incentivamos esse hábito desde cedo, formamos indivíduos mais preparados para compreender o mundo e transformá-lo de maneira positiva”, conclui.










