Um dos motores de Goiânia e região metropolitana são as mãos de mais de 2.700 motoristas de transporte coletivo, que garantem, diariamente, a locomoção de mais de 500 mil. Os dados são da RMTC (Rede Metropolitana de Transportes Coletivos da Grande Goiânia) e da Rápido Araguia, da equipe que integra o transporte coletivo na capital.
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Por meio da profissão, os motoristas possibilitam a construção de histórias de todos os que dependem dos ônibus para trabalho, estudo e até lazer. Ao mesmo tempo, os profissionais constroem suas próprias histórias e superam dificuldades, preconceitos e desafios individuais. Desse modo, o Dia do Motorista não poderia deixar de ser celebrado. Por isso, reunimos algumas histórias de motoristas que têm orgulho de sua função de manter a cidade em movimento.
Alisson: 300 reais no bolso e um futuro pela frente
Natural de Posse (GO), Alisson chegou a Goiânia em 2013 com apenas R$ 300 e o apoio da ex-sogra, que o incentivou a fazer um curso de qualificação. Para garantir a permanência na capital durante o período, trabalhou simultaneamente em dois empregos, como motorista da Rápido Araguaia nas madrugadas e entregador de mercadinho durante o dia, além de frequentar o curso técnico à noite.
“Eu deixei o currículo na Rápido Araguaia, fiz o teste, passei, e comecei como motorista. Depois, fui me dividindo entre o trabalho, o curso e o mercadinho. Foram três meses puxados, mas que mudaram minha vida”, conta.
Alisson Moreira, motorista de transporte coletivo em Goiânia (Foto: Divulgação)
A dedicação foi recompensada: hoje, Alisson soma 13 anos de empresa, é monitor e instrutor, tem casa própria, moto, carro e muito orgulho do caminho que trilhou. “Ser motorista é amar o que faz. Não é só dirigir. É atendimento ao cliente, é tratar bem, é humanidade. Eu gosto de pessoas, gosto de conversar. É gratificante ver que minhas conquistas também vieram de dentro da empresa.”
O apoio da família também é parte essencial dessa trajetória. “Minha mãe tem muito orgulho de dizer que o filho dela é motorista em Goiânia. Meus irmãos também me apoiam. E o meu pai, que já se foi, eu tenho certeza de que, onde estiver, também sente orgulho”.
Edu: da roça ao primeiro ônibus elétrico de Goiânia
A paixão pelo volante começou cedo para Eduardo, que aos 12 anos já manobrava trator na roça, com os pés mal alcançando os pedais. Desde aquela época, ouvia na rádio os anúncios da Rápido Araguaia e sonhava em um dia dirigir na capital. “Me diziam que eu nem conhecia Goiânia, mas eu falava: um dia ainda vou trabalhar nessa empresa.”
Em 1997, com idade e habilitação ainda insuficientes para assumir o volante, ingressou como cobrador. Poucos meses depois, realizou o sonho e passou a ser motorista. “É a realização de um desejo de infância. A empresa me deu oportunidade de crescer. Em 2023, me tornei monitor. Em 2024, fui promovido a supervisor de operações.”
Edu Cristiano, motorista de transporte coletivo (Foto: Divulgação)
Edu também tem um marco especial na história do transporte coletivo: foi o primeiro motorista a conduzir um ônibus elétrico em Goiânia. “Na véspera, nem dormi. Aquilo foi o ápice para mim: debaixo de sol, dirigindo trator no interior, para um ônibus elétrico na capital. Isso é Deus abrindo portas.”
Sua trajetória também inspirou a família. Edu é pai de três filhos. O filho do meio ingressou na empresa como jovem aprendiz, foi efetivado e seguiu carreira na área administrativa. A filha caçula também trabalhou na Rápido Araguaia e hoje é formada em Direito. “Quando a gente cresce, a família cresce junto.”
Elton: 17 anos de dedicação e uma família sobre rodas
Com quase 17 anos de profissão, o motorista Elton Batista do Carmo, da HP Transportes, também se orgulha de sua jornada como motorista. Prestes a completar 59 anos, ele reforça a responsabilidade que a função exige. “Cada viagem é um grande desafio. O trânsito não é fácil, e nós transportamos vidas.”
O amor pela profissão passou de pai para filhos: os três filhos de Elton também seguiram carreira como motoristas. “Minha família sempre me apoiou. O que eu digo para os colegas é que continuem fazendo o seu trabalho com responsabilidade. Somos essenciais para o dia a dia da cidade.”
Jadiane: mulher ao volante e exemplo de coragem
A história da Jadiane Rodrigues da Silva, 40 anos, é marcada pela superação de preconceitos. Há seis anos no transporte coletivo, a motorista da Viação Reunidas encara diariamente olhares desconfiados e atitudes machistas pelo simples fato de ser mulher ao volante. “Já vi passageiro desistir de entrar no ônibus ao me ver na direção. O preconceito é grande.”
Jadiane Rodrigues, motorista de transporte coletivo em Goiânia (Foto: Divulgação)
Mas nada disso a desanima. Inspirada pelo pai, que era caminhoneiro, Jadiane sempre quis ser motorista. Hoje, é motivo de orgulho e faz questão de incentivar outras mulheres. “Quero mostrar que é possível conquistar independência financeira e vencer as dificuldades. Ser motorista é meu orgulho, e eu sempre procuro fazer o meu melhor.”
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