A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta terça-feira (16), no Rio de Janeiro, a Operação Unha e Carne 2, que investiga o vazamento de informações sigilosas para beneficiar a facção criminosa Comando Vermelho. Um dos principais alvos da ação é o desembargador do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), Macário Ramos Júdice Neto, que foi preso por suspeita de repassar dados confidenciais relacionados a investigações em andamento.
Segundo a PF, o magistrado teria vazado informações sobre uma operação contra Thiego Raimundo dos Santos, conhecido como TH Joias, investigado por ligação com o Comando Vermelho e atualmente preso. As suspeitas teriam sido confirmadas a partir de mensagens encontradas no celular do deputado estadual licenciado Rodrigo Bacellar (União Brasil), ex-presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), apreendido durante a primeira fase da operação.
Bacellar voltou a ser alvo de buscas nesta terça-feira. Ele havia sido preso na etapa inicial da Unha e Carne, mas acabou solto por decisão do plenário da Alerj, passando a responder em liberdade com uso de tornozeleira eletrônica.
Ao todo, os policiais federais cumpriram um mandado de prisão e 10 de busca e apreensão, expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). As diligências também se estendem ao Espírito Santo.
De acordo com a PF, a Operação Unha e Carne apura a atuação de agentes públicos no vazamento de informações sigilosas que teriam causado a obstrução de investigações conduzidas no âmbito da Operação Zargun, deflagrada em setembro. A ofensiva faz parte das medidas determinadas pelo STF no julgamento da ADPF 635, conhecida como ADPF das Favelas, que ampliou a atuação da Polícia Federal no combate às organizações criminosas e suas conexões com agentes do Estado.
Foto: PF
Macário Júdice Neto teve uma trajetória marcada por controvérsias. Em 2023, ele retornou à magistratura e foi promovido a desembargador após permanecer afastado por 17 anos, em razão de denúncias do Ministério Público Federal. O primeiro afastamento ocorreu em 2005, por decisão do TRF-2, em ação que investigava sua suposta participação em um esquema de venda de sentenças. Atualmente, ele permanece preso na sede da Polícia Federal no Rio de Janeiro.
As investigações que levaram à prisão de TH Joias apontam que ele teria utilizado sua atuação na Alerj para favorecer atividades do Comando Vermelho, incluindo a compra e venda de drogas, fuzis e armas antidrones destinadas ao Complexo do Alemão. À época, a operação resultou no cumprimento de 18 mandados de prisão, 22 de busca e apreensão e no sequestro de cerca de R$ 40 milhões em bens.
Foto: Divulgação/PF
Além de TH Joias, também são investigados integrantes da cúpula da facção criminosa, como o tesoureiro Gabriel Dias de Oliveira, conhecido como Índio do Lixão, lideranças do grupo, ex-gestores públicos, policiais militares e um delegado federal, suspeitos de fornecer proteção e informações privilegiadas ao Comando Vermelho.








