Goiás registrou, em 2024, um total de 3.774 pessoas desaparecidas, o que representa uma média de 10,3 casos por dia. Os dados constam no Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2025, divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, e no Mapa da Segurança Pública elaborado pelo Ministério da Justiça. Em comparação com 2023, quando foram contabilizados 3.316 desaparecimentos, o aumento foi de 13,8%.
Esse crescimento segue a tendência nacional de aumento dos registros, mas, em Goiás, a elevação foi superior à média nacional, que ficou em 8,7%. Em termos proporcionais, a taxa estadual de desaparecimentos também cresceu, passando de 47,6 para 53,7 casos por 100 mil habitantes, conforme mostra o Mapa da Segurança Pública.
O fenômeno atinge especialmente adolescentes: 41,7% das vítimas tinham entre 12 e 17 anos. A faixa etária mais afetada é a dos 15 aos 17 anos, que respondeu por 1.077 dos registros. Crianças de 0 a 11 anos somaram 212 desaparecimentos, enquanto adultos entre 18 e 29 anos totalizaram 920 casos. Pessoas acima dos 60 anos também são impactadas, embora em menor escala: 169 registros foram feitos nesse grupo etário.
Em relação ao sexo, a maioria das vítimas de desaparecimento em Goiás em 2024 foi do sexo masculino, representando 54,6% dos casos. As mulheres responderam por 44,7%. O restante das ocorrências não teve sexo especificado.
Apesar da elevação no número de desaparecimentos, o número de pessoas localizadas também cresceu em Goiás: foram 2.682 localizações em 2024, ante 2.238 no ano anterior, o que representa um aumento de 19,8%. Ainda assim, 29% dos casos continuam sem desfecho conhecido.
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Os desaparecimentos envolvem uma variedade de situações, desde conflitos familiares, problemas de saúde mental, sequestros, tráfico de pessoas até fugas voluntárias. Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a ausência de uma política nacional unificada para desaparecidos dificulta a prevenção e o tratamento dos casos. Embora haja leis como a 11.259/2005, que obriga o registro imediato do desaparecimento de crianças e adolescentes, a integração entre os órgãos de segurança e os serviços sociais ainda é precária em diversos Estados.
O levantamento nacional do Fórum também destaca que, no Brasil, mais de 1 milhão de pessoas foram registradas como desaparecidas entre 2007 e 2023. Embora parte significativa dos desaparecidos seja localizada, ainda há subnotificação e dificuldade na padronização das estatísticas. Em Goiás, especialistas apontam que o número real pode ser ainda maior do que o registrado oficialmente.
Além dos adolescentes, outro grupo vulnerável é o de pessoas com transtornos mentais ou em situação de rua, que frequentemente desaparecem sem deixar rastros e nem sempre têm familiares para registrar o desaparecimento. A falta de um banco de dados biométrico e genético unificado também contribui para a demora na localização dessas pessoas.
A Secretaria de Segurança Pública de Goiás não se manifestou sobre os dados até o fechamento desta matéria. No entanto, o Anuário destaca que o Estado vem ampliando o uso de tecnologias para ajudar na localização de desaparecidos, como a plataforma Sinalid, que conecta registros de desaparecimentos com boletins de localização feitos por diferentes órgãos.
O Mapa da Segurança Pública recomenda a ampliação de políticas específicas para a prevenção de desaparecimentos, a exemplo da criação de delegacias especializadas e serviços de escuta para adolescentes e idosos. Para os especialistas, o aumento dos registros pode refletir tanto um crescimento real dos casos quanto uma melhora na comunicação entre a população e os órgãos públicos. Ainda assim, a distância entre registro e resolução continua sendo um desafio.
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