Enquanto os indicadores de escolarização avançaram em 2024, o atraso escolar entre crianças e adolescentes voltou a crescer no Brasil. É o que mostra o suplemento de Educação da Pnad Contínua, divulgado pelo IBGE. A proporção de estudantes entre 6 e 14 anos frequentando o ano ou série esperados caiu de 95,4% em 2023 para 94,4% em 2024, interrompendo uma sequência de melhora que vinha desde o auge da pandemia.
O dado é relevante porque o atraso escolar nesse grupo etário representa perda de aprendizagem e sinaliza obstáculos estruturais no sistema educacional. A situação se agrava entre adolescentes de 15 a 17 anos: apenas 67,1% estavam no ensino médio, percentual inferior ao registrado em 2023 (68,1%) e ainda distante da meta prevista no Plano Nacional de Educação (PNE).
Outro ponto de atenção é o recuo na proporção de estudantes que frequentam creches. A taxa entre crianças de 0 a 3 anos caiu de 37,5% para 36,3%. Especialistas apontam que o acesso à educação infantil, especialmente nas faixas iniciais, é determinante para o desempenho escolar futuro e para a redução das desigualdades.
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Apesar do aumento geral na escolaridade média da população — que passou de 9,9 para 10 anos de estudo entre pessoas de 25 anos ou mais — os dados revelam uma educação ainda marcada por desigualdades regionais, raciais e econômicas. Crianças pretas, pardas e residentes em áreas rurais são as mais afetadas pelos atrasos e pelas lacunas de acesso.
O levantamento do IBGE indica que a universalização da matrícula não é suficiente para garantir o sucesso escolar. Políticas de permanência, combate à evasão e apoio pedagógico são cada vez mais urgentes para reverter o quadro e evitar que os avanços em escolarização se percam diante da defasagem idade-série. (Especial para O Hoje)
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