O Complexo Oncológico de Referência do Estado de Goiás (Cora) começou a receber, nesta segunda-feira (9), seus primeiros pacientes. Após dois anos de construção, o hospital abriu as portas para o atendimento de crianças e adolescentes com câncer. Localizado na Rua Guatambús, no Residencial Barravento, em Goiânia, o Cora é o primeiro hospital público especializado exclusivamente no tratamento oncológico do Estado.
Nesta fase inicial, a unidade funciona com atendimento ambulatorial de segunda a sexta-feira, das 7h às 19h, e internações em regime 24 horas, todos os dias da semana. A estrutura conta com 60 leitos, sendo 48 de internação e 12 de observação. As especialidades já disponíveis são oncologia pediátrica, ortopedia pediátrica, cirurgia pediátrica e neuro-oncologia pediátrica, com acesso por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).
O hospital atende crianças e adolescentes de até 17 anos, 11 meses e 29 dias com suspeita ou diagnóstico de câncer. Jovens entre 18 e 23 anos com neoplasia maligna de osso também poderão ser acolhidos. A admissão dos primeiros 12 pacientes marca o início da primeira etapa, cuja inauguração oficial está prevista para julho.
A estrutura do Complexo inclui enfermarias, UTIs, centro cirúrgico, pronto-socorro e áreas especializadas como a de transplante de medula óssea. São 10 leitos de enfermaria cirúrgica, 8 para transplante, 19 clínicos, 6 leitos de UTI pediátrica e 5 de UTI TMO. A expectativa é realizar mensalmente 31 cirurgias, 280 consultas médicas, 560 atendimentos multiprofissionais e 264 sessões de quimioterapia.
A iniciativa teve investimento estadual de R$ 192,7 milhões em obras e R$ 63,2 milhões em equipamentos. Segundo o governador Ronaldo Caiado, o Cora representa um marco para a saúde pública brasileira. “Não tem nenhum hospital privado no país que ofereça o que estamos entregando via SUS. Isso é inédito”, afirmou durante a visita às instalações.
O modelo de gestão é inspirado no Hospital de Amor, de Barretos (SP), sob responsabilidade da Fundação Pio XII, presidida por Henrique Prata. Parte do recurso aplicado já está sendo devolvida ao Tesouro estadual, segundo ele. O custeio mensal da ala pediátrica será de R$ 6 milhões.
Caiado também ressaltou a velocidade da construção. “O terreno demorou três anos para ser obtido junto à Embrapa. A obra em si levou dois anos e um mês após a terraplanagem”, destacou. O complexo ocupa uma área de 177 mil m², próxima ao Aeroporto de Goiânia e à BR-153, com capacidade total futura de 148 leitos.
Famílias acolhidas e esperança renovada
Equipamentos de última geração, como o aparelho de ressonância com inteligência artificial integrado ao centro cirúrgico, elevam o padrão da medicina oncológica oferecida. Outro diferencial é a estrutura humanizada: os pais podem acompanhar os filhos em suítes integradas, e os filtros de ar na área de transplante são até 300% mais eficazes que o padrão comum.
Para as famílias dos pacientes, o novo hospital representa alívio e esperança. É o caso da pequena Sofia Garcez, de 4 anos, em tratamento contra um neuroblastoma. “Era muito difícil ter que ir e voltar de Barretos. Agora, com tudo aqui, é um presente”, contou a mãe, Flávia Garcez.
Já Gael Rocha, também de 4 anos, foi transferido diretamente de Barretos para o Cora. “Não preciso mais viajar. Lá, estávamos sozinhos. Agora, estamos perto de casa”, disse a mãe, Fabíola Rocha, de Aparecida de Goiânia.
De Goianésia, Jhennifer Camargo, de 12 anos, chegou à unidade após um encaminhamento rápido da UPA local. A mãe, Naiara de Souza, relatou a importância do acolhimento imediato. “É um alívio. Estou confiante de que tudo vai dar certo.”
Com uma equipe de 275 profissionais já treinados em parceria com Barretos, o Cora vai acolher progressivamente pacientes da capital e do interior. O vice-governador Daniel Vilela destacou a qualidade da estrutura. “São coisas que nem hospitais privados têm. É um padrão inédito.”
Segundo o secretário-adjunto de Saúde, Sergio Vencio, o hospital já iniciou o processo de regulação e vai expandir os atendimentos conforme a estrutura for sendo liberada. “Estamos coordenando com Barretos a transferência de pacientes e também recebendo casos novos.”
A segunda etapa do complexo ainda não tem previsão para começar. “Essa é uma missão que deixo para o próximo governador, Daniel Vilela. Mas hoje celebramos um avanço real e concreto para nossas crianças”, concluiu Caiado.
Com tecnologia de ponta, estrutura moderna e atendimento humanizado, o Cora chega para mudar a realidade do tratamento do câncer em Goiás — e para dar uma nova chance à vida.