Os seguidores do pastor mirim Miguel Oliveira foram pegos de surpresa nesta terça-feira (29), quando o Portal Assembleianos de Valor anunciou que o adolescente de 15 anos foi proibido de realizar pregações em igrejas e nas redes sociais. Conhecido por vídeos que viralizaram nas plataformas digitais, Miguel agora terá que cumprir uma série de restrições decididas em conjunto pelo Conselho Tutelar, seus pais e a liderança da igreja Assembleia de Deus Avivamento Profético.
A medida é válida por tempo indeterminado e, com isso, todos os compromissos da agenda do jovem foram cancelados. Além disso, Miguel também está proibido de acessar sua conta no Instagram, onde acumulava mais de 1 milhão de seguidores. A decisão ainda inclui seu retorno imediato às aulas presenciais, encerrando o ensino a distância que vinha seguindo.
Polêmicas e vídeo controverso aumentaram a pressão
De acordo com o portal, o afastamento foi motivado por uma sequência de polêmicas que envolvem o jovem missionário. Em um dos vídeos mais compartilhados, Miguel aparece rasgando exames médicos de uma mulher em prantos, enquanto afirma: “Eu rasgo o câncer, eu filtro o seu sangue e eu curo a leucemia”. O episódio gerou críticas severas nas redes, com internautas apontando risco à saúde pública e possível incentivo à interrupção de tratamentos médicos.
As manifestações contrárias se intensificaram nas últimas semanas, e os pais de Miguel, Érica e Marcelo, chegaram a acionar o Ministério Público de São Paulo (MPSP) diante das ameaças recebidas. A Promotoria da Infância e da Juventude assumiu a responsabilidade pelo caso, com base no que determina o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). O órgão tem o dever de agir sempre que há indícios de exposição excessiva ou riscos à integridade de menores de idade.
A assessoria de Miguel declarou que a família não pretende mais se manifestar publicamente. “Ele é menor, e os pais não querem mais falar com nenhuma mídia. As ameaças estão absurdas. Já foram à delegacia, e nada acontece. Então, eles acharam melhor não responder e não aparecer mais”, afirmou uma profissional à coluna de Paulo Cappelli.
Pastor mirim cobra até R$ 10 mil de fiéis durante cultos
Milagres, curas e denúncias de charlatanismo
Miguel Oliveira ficou conhecido por suas pregações intensas e por relatar experiências sobrenaturais desde a infância. Natural de Carapicuíba, em São Paulo, ele diz ter nascido surdo e mudo, sem cordas vocais nem tímpanos, e que teria sido curado por um milagre aos três anos. Desde então, afirma ter recebido uma missão divina e passou a atuar como missionário, viajando pelo país para realizar cultos e “curas”.
Entre as ações que mais chamaram atenção, estão relatos de supostas curas de pessoas com doenças graves, como leucemia, e até um homem que, segundo ele, voltou a andar. Críticos, no entanto, acusam o jovem de propagar desinformação e de explorar a fé de fiéis em situação de vulnerabilidade.
Em outro vídeo que viralizou, o garoto aparece pedindo doações em dinheiro em troca de bênçãos: “Quero agora quatro pessoas aqui no altar para doar R$ 1 mil. A velocidade com que você vem é a velocidade com que o milagre será realizado”. A cena levantou suspeitas de charlatanismo e causou indignação nas redes, com usuários questionando a atuação de menores em eventos religiosos com cobrança financeira envolvida.
Miguel atuava diretamente na Assembleia de Deus Avivamento Profético, liderada pelo pastor Marcinho Silva, que também participou da reunião com o Conselho Tutelar. A igreja foi palco de muitas das pregações do adolescente e, até o momento, não se pronunciou oficialmente sobre o afastamento do jovem missionário.
Os pais, que também estavam presentes na reunião, demonstraram preocupação com o rumo que a fama do filho estava tomando. A decisão de proibir as atividades públicas de Miguel, tanto presenciais quanto digitais, vem também como uma tentativa de resguardar sua integridade física e emocional. A suspensão de sua atuação online significa a paralisação de conteúdos que eram acompanhados por uma legião de seguidores.
Com a decisão em vigor, o futuro de Miguel Oliveira ainda é incerto. O caso segue sendo monitorado pelas autoridades e por representantes da infância e juventude. Até que haja nova deliberação, o adolescente deverá se manter afastado dos cultos, transmissões e redes sociais. O Ministério Público informou que segue acompanhando a situação, e qualquer medida adicional dependerá da evolução do caso e da segurança do menor.