Uma briga por herança acabou em sequestro e internação forçada. A mãe e a irmã de uma servidora pública do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO) foram indiciadas pela Polícia Civil por participação no crime. A jovem, de 25 anos, foi levada contra a vontade para uma clínica clandestina em Goiânia.
O caso aconteceu em maio deste ano. Imagens de segurança mostram o momento em que a mulher é retirada do carro por cinco pessoas, entre elas a própria irmã. O sequestro ocorreu na garagem do prédio onde morava, em Aparecida de Goiânia. Antes de desaparecer, a vítima ligou para o marido dizendo que familiares a estavam perseguindo. Ele não a encontrou em casa e acionou a polícia.
A investigação revelou que a vítima foi levada para o Espaço Terapêutico Jandaia, que se apresentava como clínica de reabilitação, mas estava irregular desde 2024. O local não possuía médico psiquiatra, exigência legal para internações. Além disso, a vítima não era usuária de drogas e nunca passou por tratamento anterior.
Em nota enviada ao jornal O HOJE, Samuel Aquino, advogado das suspeitas, Eliane de Paula Souza e Isabela de Paula Silva, nega as acusações e afirma que a internação da jovem foi motivada por um histórico de agressões físicas e verbais contra os pais, e não por interesses financeiros.
Segundo os advogados, a mãe da vítima tem deficiência física e o pai sofre de sequelas após um AVC, ambos em situação de vulnerabilidade. A defesa diz ainda que a internação foi uma tentativa de proteger a família, diante de episódios de violência, ameaças e coerção.
O advogado afirmou que as duas não sabiam que a clínica funcionava de forma irregular e acreditaram que estavam buscando ajuda profissional. Também negam qualquer relação entre a internação e uma suposta audiência sobre herança. A defesa reforça que o indiciamento não significa culpa e que confia na Justiça para esclarecer os fatos.
Durante a operação, a polícia encontrou 45 mulheres internadas. Metade afirmou ter sido levada à força. Os prontuários não apresentavam documentos médicos que justificassem as internações. A Justiça determinou o fechamento da clínica e a suspensão imediata das atividades.
Seis pessoas foram presas: os irmãos Leonardo e Christiano Carneiro, donos da clínica; a enfermeira Rosane Oliveira; uma funcionária responsável por buscar vítimas; além da mãe e da irmã da servidora. Eles vão responder por sequestro, cárcere privado, lesão corporal e associação criminosa. O caso está agora com o Ministério Público de Goiás, sob análise da 55ª Promotoria de Goiânia.
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