A redução nas queimadas na Amazônia ganhou destaque internacional nesta semana. O site GoodNews Network publicou que o Brasil registrou uma queda de 65% nas áreas atingidas por incêndios florestais em 2025, marcando o menor índice desde o início do monitoramento por satélite. O dado chamou atenção após o impacto da seca severa registrada no ano anterior, que favoreceu a propagação do fogo em diversas regiões da floresta.
De acordo com a publicação, a combinação de chuvas mais intensas e a maior cautela de comunidades locais foram fatores que contribuíram para a expressiva redução das áreas queimadas neste ano. Além disso, a reportagem reforçou que os números são resultado de análises do MapBiomas Fogo, sistema de monitoramento que acompanha a ocorrência de incêndios em todo o país.
Dados de satélite confirmam redução inédita
O levantamento mostra que, entre janeiro e agosto, o Brasil registrou o menor número de focos de incêndio em mais de uma década. Segundo o Programa de Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), foram identificados 47.531 focos no período, contra 127.051 no mesmo intervalo de 2024, representando uma redução de quase 63%.
Somente em agosto, mês historicamente marcado pelo avanço das queimadas, foram 18.451 registros, o menor número desde 1998, quando a série começou a ser acompanhada. O dado contrasta com os anos anteriores, em que agosto e setembro concentraram os maiores picos de queimadas, impulsionados pelo período de estiagem.
Felipe Martenexen, pesquisador do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), afirmou que a melhora nos índices está relacionada a “uma estação chuvosa mais intensa e sustentada” e ao comportamento mais cauteloso de agricultores e moradores da região.
Amazônia e Cerrado apresentam queda expressiva
Na análise por biomas, a Amazônia registrou 13.446 focos de incêndio até agosto, uma queda de 80% em relação ao ano passado, quando foram contabilizados 68.189 registros. Foi a primeira vez desde 2014 que o bioma amazônico ficou atrás do Cerrado em número de queimadas.
O Cerrado, por sua vez, concentrou 22.772 focos, equivalente a 47,9% do total de 2025. Ainda assim, os números representam queda de 42% em comparação ao mesmo período de 2024. Os estados com maior incidência foram Mato Grosso (6.877), Maranhão (5.987) e Tocantins (5.339). Apesar da liderança no ranking, Mato Grosso reduziu em 73% os registros, passando de 25.887 em 2024 para 6.877 neste ano.
Outros destaques foram Pará e Amazonas, que apresentaram reduções de 82% e 78,7%, respectivamente. Em contrapartida, Bahia, Piauí e estados do Nordeste tiveram crescimento nos focos de incêndio, especialmente nas áreas da região conhecida como Matopiba, zona de transição entre Cerrado e Amazônia.
De acordo com Mariana Napolitano, diretora de Estratégia do WWF-Brasil, a queda significativa está relacionada a medidas de prevenção antecipadas pelo governo federal e à Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo, aprovada em 2024. “As condições climáticas também estão mais amenas após um forte El Niño no ano passado”, explicou.
Nos demais biomas, o Pantanal reduziu de 9.167 focos em 2024 para 173 em 2025, queda de 93%. A Mata Atlântica também apresentou recuo expressivo, de 11.699 para 6.497 focos. Já a Caatinga e o Pampa tiveram aumento, com altas de 20% e 91%, respectivamente.
Contexto internacional
Os números divulgados pelo INPE e pelo MapBiomas foram mencionados pelo GoodNews Network como positivos diante da proximidade da COP30, conferência climática da ONU que será realizada em Belém, no Pará, daqui a três meses. A publicação lembrou que o Brasil assumiu a meta de zerar o desmatamento na Amazônia até 2030.
O Monitor de Secas, da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), também destacou que, na comparação com 2024, houve redução dos índices de seca na região Norte. O Nordeste, no entanto, apresentou crescimento, com destaque para Maranhão, Piauí e Bahia.
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