O primeiro semestre de 2025 consolidou a força do empreendedorismo no Brasil. De acordo com levantamento do Sebrae, mais de 2,6 milhões de novos pequenos negócios foram abertos no país entre janeiro e junho, representando um crescimento de 23% em relação ao mesmo período de 2024, quando o número chegou a 2,12 milhões.
Desse total, os Microempreendedores Individuais (MEIs) responderam por 77,3%, com aumento de 24,5% na comparação com o ano anterior. Já as Microempresas (MEs) e as Empresas de Pequeno Porte (EPPs), que representam, respectivamente, 18,6% e 4,1% do total, registraram um crescimento combinado de 17%.
“O resultado é a vitória da inclusão, da geração de renda e do protagonismo desses milhões de homens e mulheres que não desistem nunca de seus sonhos, que sabem se virar”, celebrou o presidente do Sebrae, Décio Lima. Segundo ele, a digitalização e a demanda por serviços especializados têm impulsionado a abertura de empresas em diversos setores. “O crescimento contínuo de MEIs e MPEs é um indicativo positivo para a economia brasileira, contribuindo para a geração de renda e empregos em todo o território nacional”, disse.
Em Goiás, 81% dos pequenos empreendedores utilizam o WhatsApp como principal canal de vendas
Liderança regional no empreendedorismo
Na análise por estados, os maiores crescimentos na abertura de MEIs foram registrados no Piauí (37,6%), Amazonas (37,5%) e Sergipe (34,2%), revelando uma forte expansão do empreendedorismo fora dos grandes centros. No caso das MPEs, o destaque foi o Ceará, com alta de 59,6%, seguido pelo Amazonas (42,1%) e o Rio Grande do Sul (29,8%).
O setor de Serviços foi novamente o grande impulsionador das novas empresas. Só em junho, ele respondeu por 63,1% das aberturas, à frente do Comércio (21,5%) e da Indústria de Transformação (7,6%). No detalhamento por atividade econômica (CNAE), entre os MEIs, as maiores adesões foram para:
Transporte rodoviário de carga (20.645 registros – 7,1%);
Atividades de malote e entrega (20.527 – 7,1%);
Atividades de publicidade (17.866 – 6,1%).
Já entre as MPEs, destacaram-se:
Atividades de atenção ambulatorial por médicos e odontólogos (5.649 – 6,5%);
Serviços combinados de escritório e apoio administrativo (4.344 – 5%);
Profissionais de saúde, exceto médicos e odontólogos (4.158 – 4,8%).
Inteligência Artificial impulsiona pequenos negócios
Outro destaque do levantamento é o crescente uso da inteligência artificial (IA) entre os pequenos empreendedores. A pesquisa, realizada pelo Sebrae, revelou que 44% dos pequenos negócios brasileiros já utilizam algum tipo de IA. Entre os que adotam essas ferramentas, 51% relataram o uso de soluções como ChatGPT, Copilot, Gemini e Deep Seek.
Também se destacam:
Ferramentas de geração de imagem: 44%;
Chatbots no WhatsApp: 41%;
Assistentes virtuais: 56%;
Dispositivos inteligentes para controle de ambiente: 22%;
Robôs para dúvidas financeiras: 20%.
Empresas de pequeno porte (EPP) são as mais digitalizadas, com 65% afirmando utilizar IA, contra 35% entre os MEIs. A escolaridade e a faixa etária também influenciam: 75% dos empreendedores com pós-graduação e 56% dos jovens com até 34 anos utilizam tecnologias de IA.
Além disso, 98% dos entrevistados afirmaram ter acesso à internet, e 76% utilizam computadores em suas rotinas empresariais — um salto de 6 pontos percentuais desde 2022. O número médio de computadores por empresa passou de 2,4 para 2,8 equipamentos nos últimos três anos.
Goiás: digitalização em alta entre pequenos empreendedores
Em Goiás, a transformação digital também tem avançado de forma significativa entre os pequenos negócios. Segundo a 9ª edição da Pesquisa Pulso dos Pequenos Negócios, realizada pelo Sebrae Nacional, 74% dos empreendedores goianos já utilizam canais digitais para vender produtos ou serviços. O WhatsApp lidera, com 81% de uso, seguido pelo Instagram (60%), Facebook (25%), marketplaces (17%) e sites próprios (10%).
Apesar do avanço, 51% ainda não investem em tráfego pago, recurso essencial para ampliar o alcance das marcas. Para o Sebrae, a capacitação em marketing digital e a adoção de estratégias online podem melhorar o desempenho e competitividade dos negócios locais.
Outro dado relevante é que 47% das empresas goianas já usam programas integrativos de gestão, com destaque para o comércio (53%) e empresas de pequeno porte (78%).
Na parte econômica, 34% dos empresários de Goiás relataram aumento no faturamento em novembro de 2024 em relação ao mesmo mês de 2023, enquanto 35% registraram queda. O aumento de custos (35%) e a falta de clientes (25%) foram os principais desafios citados.
Além disso, 31% dos empreendedores buscaram empréstimos nos últimos três meses, sendo que 41% mantêm as dívidas em dia e 19% estão em atraso.
Expectativa e adaptação
Diante das mudanças no cenário trabalhista, a proposta de escala 6×1 é conhecida por 86% dos empresários goianos. Embora 40% acreditem que ela não trará impactos, 34% enxergam efeitos negativos sobre seus negócios.
Apesar dos desafios, 42% dos empreendedores afirmaram ter dificuldades em manter o negócio ativo, mas 23% estão otimistas com novas oportunidades, e 26% enxergam as adversidades como gatilhos de mudança positiva.
O presidente do Sebrae, Décio Lima, reforça que o papel da instituição é apoiar os pequenos negócios na jornada digital e na adaptação às novas exigências do mercado. “A digitalização é fundamental para expandir relacionamentos e oportunidades. O Sebrae está ao lado do empreendedor para que ele não fique para trás nessa transformação.”
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