O mercado imobiliário de Goiás vive um ciclo de expansão que tem transformado tanto a capital, Goiânia, quanto cidades do interior, como Rio Verde, em polos de valorização e atratividade para investidores. O fenômeno combina o avanço do agronegócio, o crescimento populacional acima da média e um cenário macroeconômico que projeta redução gradual da taxa de juros — fatores que, juntos, criam um ambiente de alta demanda por imóveis residenciais e comerciais.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Rio Verde é hoje a quarta cidade mais populosa de Goiás, com mais de 241 mil habitantes. Entre 2010 e 2020, sua população cresceu quase 30%, ritmo quatro vezes superior ao da média nacional. “Esse crescimento populacional gera uma pressão natural sobre a demanda por moradias e amplia a valorização dos imóveis”, avalia Fernando Razuk, CEO da SOMOS Desenvolvimento Imobiliário.
Além do aumento populacional, o dinamismo econômico de Rio Verde tem origem direta no agronegócio. O município é o maior produtor agrícola de Goiás e o quinto do país. “O que sustenta o crescimento do mercado imobiliário goiano é o desempenho do agro. Rio Verde está no epicentro desse movimento”, destaca Razuk.
Esse avanço econômico reflete-se na renda, no consumo e na infraestrutura urbana. Dados do Índice de Progresso Social (IPS) colocam Rio Verde entre as 20 melhores cidades para se viver em Goiás. A expansão imobiliária local ilustra esse cenário: empreendimentos recentes, como o Urbanity Kasa Resort, lançado em parceria entre quatro incorporadoras, registraram valorização de 14% em menos de dez meses.
O interesse de grandes investidores também se reforça com novos empreendimentos industriais. A Secretaria de Indústria, Comércio e Serviços (SIC) confirmou que a Inpasa, maior produtora nacional de etanol de grãos, vai instalar sua primeira unidade goiana em Rio Verde, com aporte de R$ 2,5 bilhões e previsão de três mil empregos diretos e indiretos. “Esse tipo de investimento tem efeito multiplicador sobre o mercado imobiliário, pois atrai trabalhadores, fornecedores e serviços que demandam novas moradias”, observa Razuk.
Interior e capital goianos vivem ciclo de valorização impulsionado pelo agronegócio
Juros e crédito podem acelerar mercado
A expectativa de redução da taxa Selic nos próximos anos deve aquecer ainda mais o setor. Projeções de analistas ouvidos pelo mercado financeiro indicam que a taxa básica, atualmente em 15%, pode cair para 11,25% até 2026. Segundo estudo da Associação Brasileira das Incorporadoras (Abrainc), cada queda de 1% na taxa de financiamento imobiliário representa cerca de 1 milhão de novas habitações demandadas no país. “Se o mercado já está aquecido com juros altos, a tendência é de aceleração quando o crédito ficar mais acessível”, avalia o executivo.
Mesmo diante de tensões externas, o agronegócio goiano tem mostrado resiliência. A produção de soja e carne, principais vetores da economia regional, encontra novos mercados, sobretudo na Ásia, o que garante estabilidade para o setor imobiliário local.
Goiânia mantém ritmo de expansão
Na capital, o cenário é igualmente positivo. Segundo a Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Goiás (Ademi-GO), Goiânia se consolidou como o terceiro maior mercado imobiliário do país, com R$ 6 bilhões em vendas em 2023 — recorde da última década. Nos primeiros três meses de 2024, as vendas cresceram 15,8% em relação ao mesmo período do ano anterior, totalizando R$ 1,3 bilhão.
Foram lançadas 1.124 unidades no trimestre, com 1.923 vendas realizadas. O preço médio do metro quadrado nos bairros mais valorizados da capital ultrapassa os R$ 10 mil e pode chegar a R$ 17 mil em imóveis localizados em frente a parques. “O dinamismo da economia e a qualidade de vida atraem moradores de toda a região Centro-Oeste e até do Norte do país”, afirma Felipe Melazzo, presidente da Ademi-GO.
Levantamento da Abrainc mostra que Goiânia figura entre as capitais com maior valorização imobiliária do Brasil, ao lado de Recife. A capital goiana acumula treze trimestres consecutivos de alta no preço dos imóveis, com valorização média de 23% em 2022, 18% em 2023 e projeção de 20% para 2024.
Novos perfis de investidores
O avanço do agronegócio tem alterado também o perfil dos compradores. Incorporadoras que atuam no segmento de alto padrão observam uma migração de produtores rurais para áreas urbanas. “O cliente do agro passou a administrar as fazendas de forma mais tecnológica e trouxe a sede dos negócios para Goiânia. Muitos vêm com toda a família”, comenta Gabriel Santos, gerente comercial da Opus Incorporadora.
Empreendimentos compactos também refletem o bom momento do setor. Projetos como o Storya Casa Versátil e o Smart Parque Areião, ambos lançados em bairros nobres, tiveram todas as unidades vendidas logo no lançamento — em alguns casos, em poucas horas.
No conjunto, o interior e a capital de Goiás vivem um ciclo de valorização sustentado por bases econômicas sólidas e por um mercado em transformação. O agronegócio, o crédito mais acessível e o aumento populacional colocam o estado em posição estratégica no mapa imobiliário brasileiro — e indicam que a valorização tende a continuar nos próximos anos.