Uma importante conquista para os direitos da comunidade trans foi registrada em Caldas Novas. Um adolescente transgênero de 16 anos conseguiu garantir, por meio de uma atuação extrajudicial da Defensoria Pública do Estado de Goiás (DPE-GO), o direito de utilizar o uniforme masculino no Colégio Estadual da Polícia Militar de Goiás (CEPMG) Nivo das Neves, localizado no município goiano. O estudante, que havia sido impedido de vestir a farda correspondente à sua identidade de gênero, agora pode usar o uniforme que corresponde à sua auto identificação.
O caso teve início quando a mãe do adolescente procurou a Defensoria Pública, relatando a dificuldade do filho em poder usar o uniforme masculino, apesar de ser transgênero. A família já havia feito dois pedidos formais à Polícia Militar de Goiás, responsável pela gestão do colégio, desde o início do ano, mas não obteve resposta. Diante da falta de retorno e da persistência da recusa, a DPE-GO entrou em ação para mediar a situação.
A defensora pública Ketlyn Chaves, do Núcleo Especializado em Direitos Humanos (NUDH), informou à mãe do estudante que a Defensoria obteve êxito na negociação e que o direito ao uso do uniforme foi oficialmente garantido. A decisão foi comunicada na última terça-feira (29) e representa uma importante vitória para o adolescente, sua família e os defensores dos direitos humanos no estado.
A Defensoria Pública de Goiás destacou que, conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF), discriminar pessoas transgênero, seja no ambiente escolar ou em qualquer outro contexto, é considerado um crime equivalente aos crimes previstos na Lei de Crimes Raciais. Essa interpretação reforça a garantia de direitos fundamentais, como a liberdade de expressão e identidade, e assegura que toda pessoa tenha o direito de se identificar como deseja, sem sofrer discriminação.
Em resposta oficial ao caso, a Polícia Militar de Goiás declarou que o uso do uniforme condizente com o nome social do estudante não requer autorização do Comando-Geral, o que facilitou a implementação imediata da decisão. O estudante agora está frequentando o colégio com a farda masculina, um passo importante para a promoção da dignidade, do respeito e da inclusão no ambiente escolar.
A família do adolescente expressou sua satisfação com a resolução do caso, comemorando o avanço em termos de cidadania e dignidade. O fato destaca a importância da atuação das instituições públicas na proteção dos direitos das pessoas transgênero e a necessidade de garantir espaços educativos que respeitem a identidade de gênero de todos os estudantes.
Este caso serve também como um exemplo de como o sistema legal brasileiro pode ser uma ferramenta poderosa na luta pela igualdade de direitos e no combate à discriminação. A decisão também reflete o crescente reconhecimento da necessidade de inclusão e respeito à diversidade, especialmente em instituições públicas, como as escolas.
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