Após a pandemia, o mercado fitness vive um momento singular em Goiás. A retomada da economia, aliada a uma mudança no perfil dos praticantes, impulsionou a abertura de novos espaços — sobretudo academias de baixo custo com estrutura moderna — e trouxe diversidade de propostas para atender a diferentes públicos. As academias, antes concentradas em regiões mais centrais, agora chegam também a bairros periféricos e cidades do interior, com serviços que vão da musculação tradicional ao treinamento funcional, dança e alongamento.
Dados do setor indicam que o número de centros de atividade física no país quase triplicou na última década. Esse crescimento, que já era perceptível em grandes capitais, passou a refletir com força também no Centro-Oeste, especialmente em Goiânia e cidades como Anápolis e Aparecida de Goiânia. Um especialista local avalia: “Essa é a chance do setor em cidades médias, que passam a oferecer equipamentos mais modernos e ambiente agradável, antes restrito a grandes capitais”.
Mudança no perfil dos frequentadores
A musculação é hoje a atividade mais praticada, representando cerca de 30% do total de adeptos nas academias. Em seguida aparecem as modalidades de corrida e caminhada. O crescimento da prática de atividades de força é contínuo desde 2020, influenciado pela maior preocupação com a saúde geral e pela busca por bem-estar mental, autoestima e qualidade de vida.
Segundo a avaliação de profissionais do setor, a pandemia foi um divisor de águas: “A busca agora é por saúde geral, bem-estar mental e confiança. As pessoas perceberam que atividade física é muito mais do que estética”, afirma uma especialista em comportamento do consumidor fitness.
Outra transformação importante é o aumento da presença de pessoas com mais de 60 anos nas academias. Antes representando uma fatia pequena dos clientes, hoje os idosos já são cerca de 15% do público em algumas unidades. A maior expectativa de vida, a melhora no poder aquisitivo e a conscientização sobre os benefícios da atividade física para a saúde são fatores que explicam esse fenômeno.
O avanço das academias de baixo custo
Um dos principais motores desse crescimento em Goiás tem sido o modelo de academias de baixo custo com estrutura moderna. Esses espaços oferecem mensalidades acessíveis, entre R$ 50 e R$ 70, e contam com equipamentos de última geração. Ambientes climatizados, áreas de peso livre bem montadas, esteiras novas e planos com flexibilidade de horários são algumas das estratégias utilizadas para atrair clientes de diferentes perfis.
Empreendedores locais têm investido em franquias voltadas ao público de renda média e baixa. “Pesquisamos o mercado e percebemos uma lacuna na oferta de espaços de qualidade com preço acessível. Apostamos em equipamentos modernos e numa estrutura que as pessoas consigam pagar”, relata um investidor que inaugurou recentemente uma unidade em Goiânia.
Além disso, a abertura de novas unidades em bairros densamente povoados ou em regiões com forte presença universitária também tem impulsionado o mercado. Esse movimento ampliou o acesso à prática de atividade física, democratizando o segmento.
Tecnologia e diversificação de serviços
Outro fator que tem impulsionado o setor é o investimento em tecnologia. Academias em Goiás estão adotando recursos como leitores faciais, biometria, aplicativos para controle de treino, agendamento de aulas e até programas de monitoramento de desempenho físico. As plataformas digitais permitem que os usuários personalizem seus treinos e acompanhem a evolução em tempo real.
As modalidades oferecidas também ficaram mais variadas. Em Goiás, o treinamento funcional, por exemplo, já está presente em mais de 70% das academias. Aulas de dança, alongamento, pilates solo e circuitos de alta intensidade também têm ganhado espaço. A preocupação com a saúde mental levou a um crescimento da procura por atividades integrativas, que envolvem corpo e mente.
Do lado dos investidores, o segmento de Saúde, Beleza e Bem-Estar fechou o último ano com faturamento acima de R$ 60 bilhões no Brasil, com alta de dois dígitos em relação ao ano anterior. O modelo de franquias de academias de baixo custo, com investimento inicial em torno de R$ 500 mil e retorno estimado entre 18 e 24 meses, segue como um dos mais procurados por empreendedores locais.
Desafios e perspectivas
Apesar do crescimento acelerado, o mercado fitness em Goiás ainda enfrenta desafios. Um deles é a alta rotatividade de alunos. Especialistas apontam que cerca de 40% dos clientes desistem antes de completar seis meses de treino. As principais justificativas são falta de tempo, questões financeiras e insatisfação com o ambiente.
Outro obstáculo é a formação de profissionais. Muitas cidades do interior carecem de mão de obra especializada e de gestores com experiência em retenção de clientes e gestão de academia. Além disso, a concorrência crescente exige inovação constante e foco em fidelização.
Mesmo assim, as projeções são otimistas. Estima-se que o setor continue crescendo entre 8% e 10% ao ano em Goiás, acompanhando a tendência nacional. O aumento da renda média da população, o envelhecimento ativo e a consolidação da cultura de autocuidado devem sustentar a expansão do mercado fitness no estado nos próximos anos.
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