Uma preocupação assola o partido de Lula e diz respeito ao possível apoio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Republicanos), a uma candidatura que faça oposição máxima ao petista, como a de Flávio Bolsonaro (PL-SP). Nos bastidores, o que se sabe é que o núcleo do Partido dos Trabalhadores (PT) demonstrou preocupação com o futuro posicionamento do norte americano sobre as eleições presidenciais do próximo ano.
Observa-se que a atitude do republicano de aplicar sanções sobre produtos brasileiros têm feito com que o mesmo mudasse sua percepção sobre os países que compõem a América Latina, sobretudo, o Brasil. Isso ocorreu devido ao impacto das sanções na própria economia do país norte-americano como, por exemplo, sobre produtos como a carne, laranja e café, o que gerou consequências negativas à inflação do país.
Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Republicanos) – Créditos: Marcelo Camargo/ABr – Joyce N. Boghosian/Official White House Photo
Por conta disso, a suspeita é que o líder internacional da direita seja mais cauteloso nas decisões que tenham potencial em atingir a economia de outros países, até porque isso pode ser um tiro no próprio pé, a considerar o efeito nos EUA das tarifas aplicadas ao Brasil.
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Dessa forma, a percepção é que a América Latina deixou de ser o “quintal” do presidente estadunidense e passou a ser aliada, mas para que a relação ganhe fortalecimento, o que se espera é que os países que compõem o continente sejam liderados por governantes alinhados à mesma política de Trump, ou seja, com o perfil diferente de Lula e semelhante à de Flávio Bolsonaro.
Não é à toa que o petista tenta mudar a engenharia de candidaturas nos estados onde o PT possui mais força, talvez com o intuito de depositar mais esforço em locais onde a sigla não possui tanta influência, ao contrário do que ocorre em estados da região nordeste onde o pernambucano detém mais apoio.
Créditos: Ricardo Stuckert/PR
Conjuntura política da América Latina
Ao observar o posicionamento político dos chefes de Estado latino-americanos atuais, é de se perceber que há uma predominância de presidentes de direita como é o caso de Javier Milei, presidente da Argentina e José Kast, presidente recém-eleito do Chile, que garantiu uma vitória expressiva no segundo turno contra a candidata de esquerda Jeannette Jara, no domingo.
Com base nisso, o que se espera é que, durante eleições presidenciais, os candidatos de direita tentem usar como argumento a “onda” de presidentes conservadores eleitos na América Latina de forma a motivar o mesmo tipo de eleição no Brasil. Em contrapartida, é possível identificar o apaziguamento da relação de Trump com Lula após derrubada parcial das tarifas para alguns produtos brasileiros no final de novembro após negociações diretas entre ambos.
(Créditos: Ricardo Stuckert/PR)
Na última sexta-feira (19), democratas do Congresso dos Estados Unidos solicitaram a Trump que desista do tarifaço imposto ao Brasil e adote ações que aprofundem as relações com o país.
Trump e eleitorado bolsonarista
Sobre a possível interferência do norte-americano nas eleições presidenciais de 2026 no Brasil, há o entendimento que apesar da relação do republicano com Lula estar mais harmônica, isso não interfere na opinião política de Trump, o que pode possibilitar a manifestação do presidente no processo eleitoral do Brasil e, provavelmente, gerar uma considerável influência sobre o eleitorado bolsonarista.
O cientista político Lehninger Mota faz a distinção de relação institucional entre chefes de Estado e demonstração de apoio eleitoral. Para o estudioso em política, uma não determina a outra. “Uma relação institucional de presidente para presidente, é diferente de uma relação de apoio eleitoral como Trump deve, com certeza, fazer com qualquer pessoa que se posicione mais à direita, seja Flávio Bolsonaro ou algum candidato que seja da centro-direita”.
Pré-candidato à Presidência da República, Flávio Bolsonaro (PL-SP) e ex-presidente do Brasil, Jair Bolsonaro (PL) – Créditos: ABr
Mota cita a provável polarização que pode ser ocasionada diante das candidaturas de Lula e Flávio Bolsonaro. “As últimas pesquisas mostraram que os índices de Flávio Bolsonaro estão bem próximos aos do Lula. A tendência disso é uma polarização, ou seja, não há espaço para terceira via. Desse modo, Flávio terá o apoio de todos os presidentes da direita que governam a América Latina e do norte-americano, Donald Trump”, pontua Mota ao O HOJE.








