Países da América Latina e da União Europeia divulgaram neste domingo (9) uma declaração conjunta rejeitando “o uso ou a ameaça do uso da força” no Caribe, em meio à escalada de tensões com os Estados Unidos após ataques contra embarcações na região.
O texto, assinado por 58 das 60 nações presentes — Venezuela e Nicarágua se recusaram a aderir ao documento — foi apresentado no primeiro dia da reunião de cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e da União Europeia (UE), na Colômbia.
A declaração assinada na Celac reforça a “importância da segurança marítima e da estabilidade regional no Caribe”, mas evita mencionar diretamente os bombardeios norte-americanos contra embarcações suspeitas de tráfico de drogas no Caribe e no Pacífico, que já deixaram aproximadamente 70 mortos.
A vice-presidente da Comissão Europeia, Kaja Kallas, explicou a ausência de referência explícita ao governo de Donald Trump. “Porque não teríamos conseguido que os países se somassem [à declaração conjunta], muito simples”, afirmou. Kallas também destacou que o uso da força só pode ocorrer “em legítima defesa ou em virtude de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU”.
Na Celac Lula demonstra preocupação com a América Latina
Durante o encontro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou preocupação com a presença militar dos EUA na região. “A ameaça de uso da força militar voltou a fazer parte do cotidiano da América Latina e do Caribe. Velhas manobras retóricas são recicladas para justificar intervenções ilegais”, disse.
Na semana passada o presidente havia afirmado que compareceria a Celac em “solidariedade” ao governo da Venezuela.
Foto: Bruno Peres/ABr
O anfitrião da Celac, o colombiano Gustavo Petro, chamou os ataques norte-americanos de “execuções extrajudiciais”. Em resposta, Trump impôs sanções financeiras a Petro e o acusou de envolvimento com o narcotráfico. O governo colombiano nega as acusações e sustenta que atua no combate às drogas há décadas.
A presença militar dos Estados Unidos também gerou atrito com o governo de Nicolás Maduro, que acusa Washington de tentar derrubar seu regime.
A declaração final, que sucede a de Bruxelas em 2023, inclui ainda uma condenação à guerra na Ucrânia e uma defesa da solução de dois Estados para o conflito em Gaza.








