Ao que tudo indica, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), voltou a acenar positivamente para seus interlocutores sobre a possibilidade de disputar a Presidência da República em 2026. Os ventos que apontavam para uma nova candidatura ao Palácio dos Bandeirantes, agora também sopram rumo ao Palácio do Planalto.
A coluna de Lauro Jardim, no jornal O Globo, apurou que o chefe do Executivo paulista se reuniu com caciques do Centrão e com o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) na última semana. As tratativas voltaram a ganhar tração após a megaoperação no Rio de Janeiro, chefiada pelo governador Cláudio Castro (PL-RJ), que deixou 121 mortos.
A operação colocou a segurança pública no centro do debate público e, segundo a pesquisa Genial/Quaest, a maioria da população é favorável à tese defendida pela direita. O levantamento mostrou que apenas 27% dos entrevistados foram contra a operação, em sua maioria eleitores de esquerda. Em suma, pautar a segurança pública ajudou a frear a guinada na popularidade do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A volta de Tarcísio ao páreo pelo posto de representante da direita e do espólio político do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) altera a dinâmica política. Em conversa com a reportagem do O HOJE, o mestre em História pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e especialista em Políticas Públicas, Tiago Zancopé, ressaltou que Tarcísio possui o trunfo de governar São Paulo.
“Por conta da economia do Estado de São Paulo e da quantidade de eleitores, já que é o maior colégio eleitoral, naturalmente o governador de São Paulo é um favorito a disputar a presidência. Independente de o governador ser bom ou ruim, popular ou não, é um cargo que naturalmente te permite ter essa projeção”, disse o historiador.
Para Zancopé, o impacto de um eventual projeto de Tarcísio que vise Brasília ronda o apoio de Bolsonaro. O especialista alertou para as negociações e se o governador e os filhos do ex-presidente vão “topar a reaproximação”, visto que o chefe do Executivo paulista e o filho 03, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), tiveram embates e discordâncias públicas.
Já o especialista em marketing político Luiz Fernandes entende que o movimento mostra que a intenção de disputar a presidência sempre esteve nos objetivos do governador. “O Tarcísio mostra o que faz qualquer político. Geralmente, em um determinado momento, diz que não é candidato, mas na verdade nunca desistiu de ser”, afirmou.
Leia mais: Caiado pode ser porta-voz da direita na CPI do Crime Organizado
Cenário com Tarcísio
Fernandes ainda ressalta que, com Tarcísio na disputa e a crescente recente na popularidade do governo federal, a situação dos demais possíveis candidatos à direita, como os governadores Ronaldo Caiado (União Brasil-GO), Ratinho Júnior (PSD-PR) e Romeu Zema (Novo-MG), “complicou muito”.
Zancopé analisa que o cenário é pior para Ratinho. Mesmo com uma alta aprovação, na casa dos 80%, o governador paranaense encontra dificuldades para emplacar um sucessor para o Palácio Iguaçu. Atualmente, o senador Sérgio Moro (União Brasil-PR) desponta nas pesquisas de intenção de voto para o governo do Paraná.
A situação faz com que Ratinho precise voltar os olhos para a política local, diferente de Caiado, que já possui um substituto definido, com o vice-governador Daniel Vilela (MDB), e uma base política coesa no Estado.
“Para o Caiado, é uma movimentação que é ruim e boa. Boa porque o Tarcísio, de certa maneira, ajuda a disseminar a pauta direitista. Ruim, por outro lado, porque ocupa um espaço que Caiado queria ocupar. Mas, paradoxalmente, também é boa, porque o Tarcísio levando a pauta da direita para lugares onde ele não conseguiu, mais futuramente se o Tarcísio resolver desistir, o Caiado pode herdar esse trabalho”, destacou o historiador. (Especial para O HOJE)








