O segmento de decoração natalina vive um novo ciclo de expansão no Brasil. Se antes o Natal era marcado por árvores tradicionais e enfeites padronizados, hoje o mercado se movimenta em torno de experiências visuais, sensoriais e personalizadas — tendência que transformou o fim de ano em oportunidade estratégica para empresas especializadas. Um exemplo é a Tree Story, fundada em Mogi das Cruzes (SP), que faturou mais de R$ 600 mil em 2024 e projeta crescer 40% em 2025 com projetos de alto padrão.
Transformação do modelo e crescimento rápido
A história do negócio começou em 2020, quando a pandemia inviabilizou o plano inicial de sua fundadora, Vivian Bianchi, de abrir uma loja física de artigos natalinos. Com o acervo já comprado e o varejo fechado, ela precisou reinventar a ideia. “Precisava pensar em algo que funcionasse mesmo sem uma loja. Foi quando descobri o modelo de locação de árvores de Natal”, lembra.
O serviço, ainda pouco difundido naquele momento, abriu caminho para uma mudança maior: da simples locação à criação de conceitos personalizados. Hoje, a empresa entrega ambientações completas para residências e negócios, incluindo curadoria de peças, iluminação interna e externa e cenografias exclusivas. “Nosso objetivo é que cada detalhe traduza a identidade do cliente. Da escolha do enfeite à luz que vai destacar o ambiente, nada é aleatório”, afirma Bianchi.
Um setor em expansão
O crescimento da empresa confirma um movimento nacional. Estimativas do setor indicam que o mercado brasileiro de decoração natalina deve seguir em trajetória ascendente até o final da década, impulsionado pela profissionalização das empresas, pelo fortalecimento do design autoral e pela busca crescente por experiências. Além disso, dados de institutos de consumo apontam que a intenção de celebrar as festas permanece alta: mais de 90% dos brasileiros pretendem comemorar o Natal em 2025, e cerca de 80% afirmam que irão investir em decoração ou presentes.
Esse ambiente contribui para aquecer tanto o segmento doméstico quanto o corporativo. Para as empresas, a criação de espaços temáticos deixou de ser apenas ornamentação e passou a integrar estratégias de marketing, relacionamento com clientes e fortalecimento da identidade visual. “A cenografia de Natal hoje é ferramenta de experiência. As pessoas querem viver e compartilhar momentos marcantes”, observa Bianchi.
Tendências para 2025: personalização e sustentabilidade no Natal
As tendências apontadas para 2025 reforçam a busca por ambientações mais imersivas. Maxi laços de veludo, peças em vidro soprado, acabamentos em pérola e paletas sofisticadas — como marsala, verde profundo e tons rústicos — devem dominar a temporada. A estética artesanal também ganha força, com texturas naturais e combinações que evocam aconchego.
Outra tendência em expansão é o consumo consciente. Projetos reutilizáveis, acervos duradouros e materiais sustentáveis entram no radar de consumidores e empresas, impulsionando modelos de locação e renovação de peças, em vez da compra recorrente de itens descartáveis.
Segmento no Natal cresce com busca por ambientações personalizadas. Foto: Divulgação
O modelo operacional
A operação é majoritariamente sazonal, mas exige planejamento anual. Os projetos da Tree Story levam entre 30 e 90 dias, do briefing à desmontagem. Equipes temporárias — compostas por decoradoras, montadores e eletricistas — são acionadas no último trimestre, quando são realizadas as montagens em casas, empresas e instituições. Após a temporada, todo o acervo passa por manutenção, limpeza e reorganização em um galpão próprio.
O tíquete médio da empresa gira em torno de R$ 6.500 para residências e ultrapassa R$ 15 mil em projetos corporativos. O segmento empresarial, aliás, é o que mais cresce: fachadas iluminadas, jardins temáticos, refeitórios ambientados e intervenções cenográficas se tornaram parte do planejamento anual de grandes organizações.
Desafios e oportunidades
Mesmo com a demanda crescente, o setor enfrenta desafios relevantes. A logística para transporte, instalação e desmontagem de peças volumosas exige estrutura técnica, mão de obra treinada e investimentos constantes. A concorrência também se intensificou, com novos profissionais entrando no mercado e consumidores mais exigentes em relação a acabamento, segurança e criatividade.
Ao mesmo tempo, surgem oportunidades claras: expansão geográfica para além dos grandes centros, desenvolvimento de acervos autorais, oferta de consultorias de design e integração de elementos sensoriais ao projeto — como aromas, texturas e experiências interativas.
Um mercado que vai além da tradição
O cenário para 2025 indica que a decoração natalina continuará a evoluir como mercado criativo, sofisticado e altamente demandado. Empresas especializadas se consolidam não apenas como prestadoras de serviços, mas como agentes de design e experiência. E, embora a temporada visível aconteça apenas entre outubro e dezembro, o planejamento é contínuo.
Como resume Vivian Bianchi: “Embora o trabalho apareça no último trimestre, é fundamental planejar o ano todo, investir em relacionamento e manter consistência. Trabalhar com propósito e respeitar o processo é o que sustenta qualquer negócio sazonal.”







