A médica Cláudia Soares Alves, investigada por sequestrar um recém-nascido de dentro do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) em 2024, foi presa novamente nesta quarta-feira (5), em Itumbiara (GO). Desta vez, ela é suspeita de envolvimento no assassinato da farmacêutica Renata Bocatto Derani, de 38 anos, ocorrido em novembro de 2020, no bairro Presidente Roosevelt, em Uberlândia (MG).
De acordo com a Polícia Civil de Minas Gerais, Cláudia seria a mandante do crime, motivada por questões pessoais e familiares. Ela teria mantido um relacionamento com o ex-marido da vítima e tramado o homicídio para assumir a guarda da filha de nove anos que Renata tinha com ele.
Mandante do crime e trama pela guarda da criança
O delegado Eduardo Leal afirmou que Cláudia apresentava obsessão em ser mãe de uma menina. Segundo ele, a médica chegou a tentar adotar crianças de forma fraudulenta, apresentar documentos falsos, e até comprar um bebê na Bahia.
“Ela tentou adoções fraudulentas com documentos falsos, tentou comprar um bebê no estado da Bahia e sequestrou uma recém-nascida, tirando a bebê do colo da mãe”, afirmou o delegado à TV Anhanguera.
A polícia também prendeu outros dois suspeitos, que não tiveram os nomes divulgados. As investigações apontam que eles estiveram em Uberlândia no momento do crime e apresentaram um álibi falso. Uma motocicleta com placa adulterada foi usada na ação — o mesmo veículo teria sido visto antes em posse de pessoas próximas a Cláudia.
Foto: Reprodução/TV Anhanguera
No dia do assassinato, Renata Bocatto chegava ao trabalho quando foi surpreendida por um homem que lhe entregou uma carta e, em seguida, atirou contra ela. A farmacêutica morreu no local.
De professora universitária a ré por tráfico de pessoas
Antes de ser presa por homicídio, Cláudia já havia sido demitida da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) em setembro de 2025. Ela havia tomado posse como professora da Faculdade de Medicina apenas poucos meses antes de sequestrar o bebê.
A médica, especialista em neurologia, foi aprovada em primeiro lugar no concurso público da UFU e empossada em maio de 2024. Três meses depois, usou jaleco, touca, luvas e crachá da instituição para se passar por pediatra e raptar um recém-nascido dentro do Hospital de Clínicas da universidade.
As câmeras de segurança registraram o momento em que ela pegou o bebê dos braços da mãe, alegando que levaria a criança para ser alimentada. A médica foi presa em flagrante horas depois, em Itumbiara (GO), em uma operação conjunta das polícias de Minas e Goiás.
À época, Cláudia foi indiciada por tráfico de pessoas e falsidade ideológica. Sua defesa alegou que ela sofria de transtorno bipolar e teria cometido o crime em crise psicótica — argumento que deve ser repetido na nova acusação.
Demissão e justificativa da UFU
A Universidade Federal de Uberlândia afirmou, em nota, que instaurou um processo administrativo disciplinar para apurar a conduta da servidora. Após a investigação, decidiu por sua exoneração por inobservância das normas legais e conduta incompatível com a moralidade administrativa.
Como ainda estava em estágio probatório, Cláudia não pôde recorrer da decisão. A UFU destacou que ela usou o cargo público para proveito pessoal, o que agravou a punição.
Relembre o sequestro do bebê
O sequestro ocorreu em julho de 2024, dentro do Hospital de Clínicas da UFU. Vestida com o uniforme da instituição, Cláudia enganou funcionários e familiares da vítima, afirmando ser pediatra e alegando que levaria o bebê para mamar.
“A médica falou que era pediatra e enganou todos, desde os guardas até lá dentro. Pegou a menina dizendo que iria dar leite e foi embora. Foi muito rápido, não deu cinco minutos”, contou o pai, Edson Ferreira, na época.
A criança foi levada de Uberlândia até Itumbiara, onde foi abandonada em uma clínica após a médica perceber que estava sendo procurada. A Polícia Civil a localizou com fraldas, banheira e até piscina infantil no carro — indícios de que planejava ficar com a bebê.
Preservada e entregue à família, a menina não sofreu ferimentos. Já Cláudia alegou que tomava remédios controlados e que não tinha consciência plena do ato.







