A ativista política Clara Charf morreu nesta segunda-feira (3), aos 100 anos, em São Paulo. A informação foi confirmada pela Associação Mulheres pela Paz, organização da qual ela era presidente. Segundo a entidade, a morte ocorreu por causas naturais. Clara estava hospitalizada e intubada havia alguns dias.
Nascida em 1924, em São Paulo, Clara Charf iniciou sua militância aos 21 anos, quando se filiou ao Partido Comunista Brasileiro (PCB). Nesse período, conheceu o militante Carlos Marighella, com quem manteve um relacionamento por 21 anos, até 1969, quando ele foi morto durante a ditadura militar.
Durante o regime militar, Clara integrou a Ação Libertadora Nacional (ALN), movimento fundado por Marighella em 1967. Após a morte do companheiro, deixou o país e viveu exilada em Cuba por cerca de dez anos, sob identidade falsa. Retornou ao Brasil em 1979, após a promulgação da Lei da Anistia.
Ao regressar, manteve atuação em movimentos sociais e políticos. Filiou-se ao Partido dos Trabalhadores (PT) e concorreu ao cargo de deputada federal em 1982, mas não foi eleita. Também participou do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher e da Secretaria Nacional de Mulheres do partido.
Na Associação Mulheres pela Paz, instituição voltada à promoção da igualdade de gênero, Clara presidiu projetos e atividades relacionados à participação feminina na política e ao enfrentamento da violência contra mulheres.
Carlos Marighella e Clara Charf – Foto: Editora UNESP/divulgação
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Repercussão da morte de Clara Charf
Nos últimos anos, Clara Charf vivia em São Paulo com a irmã caçula, Sara Grinspum, de 94 anos. Até o momento, não há informações sobre velório e sepultamento.
Autoridades e representantes políticos se manifestaram sobre a morte. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nas redes sociais que perdeu “uma companheira de muitas caminhadas” e mencionou ter convivido com Clara “por mais de 40 anos”.
O ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira (PT-SP), e o deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) também publicaram mensagens destacando a trajetória política de Clara.
O escritor e religioso Frei Betto divulgou nota lembrando que a morte ocorreu na véspera da data em que se recorda o assassinato de Carlos Marighella, em 4 de novembro de 1969. No texto, escreveu que “Clara viveu a história por dentro, mas sem jamais buscar o palco” e que “não empunhou fuzis, mas manteve viva a chama que ilumina utopias”.
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