Apesar de apresentar um posicionamento mais firme em relação à melhoria da segurança pública, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda caminha a passos lentos no sentido de garantir a confiança da população quando o assunto é combate ao crime. Esforços são feitos por parte de sua gestão a fim de demonstrar o interesse do governo em superar o crime organizado, como elaboração de propostas de emendas à constituição (PEC) e ações de sucesso realizadas pelas forças de segurança nacional como a Operação Carbono Oculto, que desarticulou um esquema sofisticado de lavagem de dinheiro e sonegação fiscal no setor de combustíveis. Porém, continua defasada a percepção de grande parte da sociedade de que a esquerda não possui bons mecanismos de enfrentamento ao crime o que, muitas das vezes, faz com que a imagem de Lula não seja das melhores no quesito segurança pública. Cabe destacar o esforço do governo em investir no impulsionamento de publicações nas redes sociais que explicam propostas voltadas à melhoria da segurança pública como o Projeto de Lei Antifacção e a PEC da Segurança.
A estimativa é que o governo Lula gastou cerca de meio milhão de reais em anúncios pagos nas redes sociais sobre segurança pública desde a última terça-feira (28) — data da megaoperação policial nos complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro, que resultou em 121 mortes. Outro ponto relevante trata-se de um levantamento feito pela software Brandwatch que mostra o predomínio de críticas ao presidente em publicações nas redes sobre ação policial no Estado. O O HOJE entrou em contato com especialistas em Marketing Político para compreender o porquê que o governo Lula não consegue obter reconhecimento, por parte da população, por meio de ações de combate ao crime. “A percepção pública da atuação da esquerda na segurança pública, especialmente nas redes sociais, tem sido um campo fértil para críticas e narrativas negativas, mesmo diante de investimentos em impulsionamento”, explica o comunicador, Marcelo Senise.
O presidente Lula assina o Projeto de Lei Antifacção: projeto sobre segurança prevê instrumentos que blindam órgãos públicos da atuação de membros de facções – (Créditos: Ricardo Stuckert/PR)
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Oposição de olho nas lacunas do governo em relação à segurança
O enfraquecimento do discurso da gestão governamental em torno da segurança favorece a oposição que se aproveita da conjuntura favorável para o seu fortalecimento. “Nas redes sociais, a complexidade da segurança pública é frequentemente simplificada. A oposição explora essa lacuna, associando governos de esquerda a uma suposta leniência ou ineficácia no combate ao crime organizado e à violência”, ressalta Senise. Por outra ótica, o marqueteiro político Léo Pereira direciona críticas à assessoria do presidente da república sob a perspectiva de que nada funcionará bem se a equipe de comunicação de Lula não estiver efetivamente engajada. “A anos o governo Lula está pessimamente assessorado na Comunicação Social e tem um Planejamento Econômico equivocado, recuado e no rumo errado (juros escorchantes, sem nenhum enfrentamento, e ainda, encaminhando de forma leniente e burra a privatização do Banco Central)”. 
Pereira destaca que a comunicação é essencial para o bom andamento de outras áreas governamentais e comenta sobre a atuação da assessoria de Lula. “Enquanto for assim, nenhuma ação política e de comunicação dará certo. Nem na segurança pública, nem na cultura, nem na assistência social, nem na educação, nem em nada. Se a comunicação e a economia estão no rumo errado: tudo no governo fica errado aos olhos do imaginário social”. O sociólogo Jones Matos faz menção aos projetos encabeçados pelo Governo Federal e que prometem combater facções e o crime organizado. “A cautela é importante e, nesse momento, o Governo já enviou para o congresso uma proposta importante que deve ser apoiada por todos. Mas como o debate está contaminado com a eleição de 2026, dificilmente haverá consenso”, pontua Matos ao O HOJE.
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