Uma investigação da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) revelou que o Comando Vermelho (CV) planejava adquirir drones equipados com câmeras térmicas para identificar policiais durante operações, inclusive em áreas de mata e à noite. As conversas, obtidas com autorização judicial, indicam que criminosos do Complexo da Penha buscavam alcançar um novo nível de guerra urbana, o que levou à megaoperação do dia 28 de outubro, considerada a mais letal da história do Rio de Janeiro, com 121 mortos e 113 presos.
Tecnologia para monitorar policiais
Mensagens interceptadas pela investigação mostram que integrantes da facção reclamavam da falta de visão noturna em seus equipamentos. “A gente tem que se adequar à tecnologia”, respondeu um dos criminosos.
Fontes da DRE apontam que o objetivo era modernizar o sistema de vigilância já usado pelo tráfico, que conta com dezenas de câmeras e monitoradores armados. Com o uso da visão térmica, os criminosos poderiam detectar policiais escondidos em áreas de mata, como as usadas na operação desta semana.
Treinamento militar e uso de explosivos
O ex-cabo da Marinha Rian Maurício Tavares Mota, preso desde 2024, foi identificado como o responsável por ensinar o grupo a adaptar drones para lançar granadas. Em mensagens interceptadas pela Polícia Federal, ele explica o mecanismo: “Precisamos comprar o dispensador. O drone libera a granada com o cabo segurando o pino.”
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)
Durante a operação, o governador Cláudio Castro (PL) confirmou que explosivos lançados por drones foram utilizados pelos criminosos para tentar conter o avanço policial.
“Narcoterrorismo”, diz polícia
Em coletiva, o secretário de Polícia Civil, Felipe Curi, afirmou que o crime organizado do Rio já opera com poder bélico e inteligência comparáveis a zonas de guerra.
“Não é mais segurança pública. É guerra”, declarou.
Curi também informou que será aberta uma investigação por fraude processual contra moradores que teriam retirado roupas camufladas de corpos levados à Praça São Lucas, na Penha.
Chefes e estrutura do Comando Vermelho
O líder da facção na Penha, Edgar Alves de Andrade, conhecido como Doca, segue foragido e é apontado como o responsável por autorizar execuções e guerras territoriais. Já Juan Breno Malta, o BMW, preso em operações anteriores, seria o responsável por torturas e treinamentos de matadores.
Denúncias do Ministério Público do Rio (MPRJ) citam vídeos que mostram vítimas sendo arrastadas, espancadas e submetidas a banhos de gelo, métodos usados para intimidar moradores e manter o domínio armado.
Expansão e logística nacional
Segundo a Polícia Militar, o Comando Vermelho controla 1.028 comunidades no Rio e mantém uma rede interestadual para o tráfico de armas e drogas, com rotas que partem das fronteiras do Norte do país.
A facção também abriga criminosos de outros estados, principalmente do Pará, oferecendo refúgio e posição hierárquica dentro da organização.
Fique por dentro das principais notícias do dia no Canal do Jornal O Hoje no Whatsapp: https://whatsapp.com/channel/0029VbB9HMl0gcfHipFff62E










