O governo do Rio de Janeiro informou, nesta sexta-feira (31), que 42 dos 117 suspeitos mortos na operação conjunta das polícias Civil e Militar, realizada nos complexos da Penha e do Alemão, tinham mandados de prisão em aberto. A lista parcial, com 99 nomes identificados, foi apresentada durante coletiva de imprensa com a presença do secretário de Segurança Pública, Victor dos Santos, e do secretário de Polícia Civil, delegado Felipe Curi.
Segundo o governo fluminense, dos 99 identificados, 78 possuíam “relevante histórico criminal”. Outros 30 não tinham registro de passagem pela polícia. O secretário Victor dos Santos afirmou que a operação envolveu pessoas com diferentes perfis. “Alguns não tinham antecedentes criminais e foram presos em flagrante. Então são situações diferentes. Alguns têm anotações criminais, outros têm mandado de prisão, mandado da própria operação ou de outros processos”, disse.
Mortos de nove estados e líderes do tráfico entre os identificados
Entre os suspeitos mortos, 39 eram de outros estados, incluindo Pará (13), Amazonas (7), Bahia (6), Ceará (4), Goiás (4), Espírito Santo (3), Paraíba (1) e Mato Grosso (1). Segundo o Instituto Médico-Legal (IML), 99 corpos já foram necropsiados, e parte deles liberada às famílias. “Todos serão identificados. É necessário, independente de serem criminosos ou não, que as famílias tenham o direito de sepultar seus parentes”, afirmou o secretário Victor dos Santos.
Durante a coletiva, o governo divulgou nomes de alguns dos principais alvos da operação, identificados como chefes de facções criminosas em diferentes estados. Entre eles estão DG e FB, apontados como líderes do tráfico na Bahia; Mazola, de Feira de Santana (BA); PP, do Pará; Chico Rato e Gringo, de Manaus; Russo, de Vitória (ES); e Fernando Henrique dos Santos e Rodinha, de Goiás.
O secretário de Polícia Civil, Felipe Curi, afirmou que a investigação revelou uma expansão do Comando Vermelho (CV) para além do território fluminense. “Os complexos da Penha e do Alemão deixaram de ser apenas o QG do Comando Vermelho no estado do Rio e passaram a ser o QG nacional da facção”, declarou.
Operação mobilizou 2,5 mil agentes e teve 121 mortos no Rio
A ação policial, considerada a mais letal da história do país, resultou em 121 mortes — sendo 117 suspeitos e quatro policiais. Realizada na terça-feira (29), a operação mobilizou cerca de 2.500 agentes e teve como objetivo cumprir mandados de prisão e busca e apreensão expedidos pelas Justiças do Rio de Janeiro e do Pará.
Dos mais de 100 mandados emitidos, 20 foram cumpridos. Segundo o governo, outros 93 suspeitos foram detidos em flagrante durante a operação. Entre os 113 presos, 33 são de outros estados, o que, de acordo com a Secretaria de Segurança, demonstra o apoio interestadual à facção. Dez adolescentes também foram apreendidos.
Todos os presos tiveram a prisão preventiva decretada após audiência de custódia. “Isso mostra que as prisões foram regulares”, afirmou o secretário Felipe Curi. Entre os detidos estão homens apontados como de confiança de líderes do Comando Vermelho. O operador financeiro Nikolas Fernandes Soares, conhecido como “contador do CV”, foi capturado. Ele seria responsável pelo recolhimento de dinheiro da facção, segundo a investigação.
Outro preso foi Thiago do Nascimento Mendes, identificado como chefe do tráfico no Morro do Quitungo, detido na Chatuba da Penha. O principal alvo da operação, o traficante Edgar Alves de Andrade, conhecido como Doca, conseguiu escapar. “Por um triz, não o prendemos, mas demos um baque na facção. A hora dele vai chegar”, disse Curi.
Fique por dentro das principais notícias do dia no Canal do Jornal O Hoje no Whatsapp
Defensoria Pública denuncia impedimento de acesso a perícias
A Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro informou que está sendo impedida de acompanhar as perícias dos corpos no Instituto Médico-Legal. Segundo a coordenadora da Defesa Criminal da Defensoria, Rafaela Garcez, o órgão vai acionar a Justiça para garantir acesso às investigações e às necropsias.
Garcez declarou ao canal UOL News que muitos corpos foram retirados por familiares antes da conclusão das perícias e que o local não foi preservado adequadamente. “A medida que ingressaremos hoje será junto ao Supremo para que possamos ter acesso à perícia. Estamos correndo contra o tempo, porque esses corpos estão sendo liberados para sepultamento e ficamos impossibilitados de produzir contraprova”, afirmou.
O caso segue sob investigação. Até o momento, o governo do Rio de Janeiro mantém o posicionamento de que todos os corpos serão identificados e que os dados completos dos suspeitos serão divulgados após o fim do trabalho pericial.
Leia também: Caiado defende integração nacional no combate ao crime, e governadores lançam “Consórcio da Paz”










