Pode ser estratégica a demora do ex-presidente Jair Bolsonaro em revelar seu apoio a um candidato à Presidência da República, mas isso só trará dor de cabeça àqueles que desejam se candidatar pelo Partido Liberal (PL) nas eleições estaduais, para a Câmara dos Deputados e para o Senado. A tão esperada decisão é cada vez mais adiada e chegou a ser projetada para ser revelada apenas em julho de 2026, o que gera grande possibilidade de aproximação do Centrão com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que demonstra avanço nas pesquisas eleitorais e melhora na avaliação da gestão governamental.
Dirigentes conservadores confirmam a decisão de Bolsonaro de tornar público seu apoio no próximo ano e, assim, reforçam a aparente falta de preocupação do ex-presidente com os riscos que isso pode ocasionar para a conjuntura do próprio PL enquanto uma das principais organizações da direita que, inclusive, elegeu grande parte de candidatos pela sigla nas eleições de 2022.
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O cenário de inseguranças e incertezas não se limita só ao partido de Bolsonaro, mas provoca efeitos no plano do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que pode optar por desistir do possível apoio de Bolsonaro para concorrer ao Governo Federal e passar a direcionar suas energias na disputa pela reeleição no Executivo paulista.
A demora na revelação não parte apenas do ex-presidente, assim como é algo apoiado pela sua família e vai contra o desejo da ala bolsonarista e de direita, que defendem que o anúncio seja feito, no mais tardar, até o fim deste ano. É o caso do presidente do Progressistas (PP), senador Ciro Nogueira (PI), que deposita suas esperanças na decisão, mesmo com a resistência da família de Bolsonaro a essa antecipação.
Assim como os aliados do ex-presidente possuem justificativas pela preocupação em ainda não haver um pré-candidato que possa medir forças com Lula e estabelecer um norte para os demais concorrentes pela sigla nos Estados, próximos a Bolsonaro avaliam que a decisão precoce pode fragilizar articulações do PL no Congresso Nacional. Isso pode resultar em interferências negativas no projeto de anistia aos condenados pela tentativa de golpe de Estado, além de afetar a defesa promovida pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Nome do PL para governador
O atraso de um posicionamento definitivo de Bolsonaro pode favorecer o andamento do projeto de anistia e a continuidade do apoio do governo norte-americano, mas gera problemas que se estendem, por exemplo, aos que pretendem se candidatar pelo PL.
Pode ser o caso do senador Wilder Morais (PL), cotado pela sigla no Estado para concorrer ao Governo de Goiás em 2026, apesar da previsão de polarização frente ao acúmulo de forças do vice-governador Daniel Vilela (MDB) e do ex-governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), ambos bem avaliados e aptos a disputar o Palácio das Esmeraldas.
O sociólogo Jones Matos afirma que é necessário mensurar a força que o bolsonarismo ainda exerce no Estado de Goiás para saber se a demora na escolha do ex-presidente pode influenciar na conjuntura do PL nas eleições estaduais. “É preciso saber que força o Bolsonaro terá em Goiás após sua prisão, que será decretada em breve. Precisamos aguardar para saber que impacto isso terá.”
De acordo com Matos, ainda não se sabe a viabilidade da candidatura de Wilder Morais para o Governo de Goiás, a considerar a popularidade do governador do Estado, Ronaldo Caiado (União), e a possível transferência de capital político para o vice-governador, o emedebista Daniel Vilela.
Senador Wilder Morais (PL), é o mais cotado da sigla para concorrer ao Governo de Goiás em 2026, apesar da boa colocação de Daniel nas pesquisas – (Créditos: Jota Eurípedes e Agência Senado)
“Ainda não vejo viabilidade na candidatura do senador Wilder Morais, caso ele resolva se lançar nesse campo da direita, até porque o governador de Goiás [Caiado] é quem tem bastante capital político”, explica o sociólogo ao O HOJE. (Especial para O HOJE)








