O setor de mineração brasileiro encerrou o terceiro trimestre de 2025 com um desempenho robusto, impulsionado pela valorização do ouro e pela retomada da produção em grandes minas de ferro e cobre. Segundo dados divulgados nesta terça-feira (21) pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), o faturamento do setor chegou a R$ 76,2 bilhões, representando crescimento de 34% em relação ao mesmo período do ano passado, quando somou R$ 56,7 bilhões.
As exportações totalizaram 121 milhões de toneladas, o equivalente a US$ 12,2 bilhões, com alta de 9% em valor e 6,2% em volume. O superávit comercial da mineração atingiu US$ 9,64 bilhões, respondendo por 62% do saldo positivo da balança comercial brasileira no trimestre — um indicativo da força do setor na pauta exportadora do país.
O diretor-presidente do Ibram, Raul Jungmann, destacou que os números refletem a resiliência da mineração frente às instabilidades econômicas globais. “Mesmo com o cenário de incertezas e flutuação nos preços das commodities, a mineração brasileira segue como um dos pilares do superávit comercial. O desempenho do ouro e do cobre foi decisivo neste trimestre”, afirmou.
Ouro e cobre impulsionam faturamento
O ouro foi o grande protagonista do trimestre, com alta de 58% no faturamento, totalizando R$ 9,6 bilhões. O metal precioso teve valorização internacional de cerca de 40%, impulsionada por tensões geopolíticas e tarifas comerciais adotadas pelo governo de Donald Trump nos Estados Unidos. As exportações cresceram 31,8% em volume e 78,8% em valor, reforçando o papel do Brasil como fornecedor global do minério.
O cobre também apresentou resultado expressivo, com R$ 7,3 bilhões em receitas, um salto de 85% sobre o mesmo período de 2024. Já o minério de ferro, tradicional carro-chefe da mineração brasileira, manteve o primeiro lugar em faturamento, com R$ 39,8 bilhões, alta de 27% em relação ao ano anterior.
Outros minerais também contribuíram para o bom desempenho do setor, como manganês (+106,6%), nióbio (+23,5%) e cobre (+14,6%), enquanto produtos como bauxita (-8,4%) e caulim (-44,5%) registraram queda. A China permaneceu como o principal destino das exportações brasileiras, absorvendo cerca de 68% do minério de ferro exportado.
Minas Gerais, Pará e Goiás lideram
Minas Gerais e Pará seguem como os principais polos de mineração do país, com participações de 39% e 35% no faturamento total do trimestre. A Bahia aparece em terceiro lugar, com 4%, seguida de Goiás, que se consolida como destaque nacional na produção de ouro, cobre e nióbio.
O estado goiano vem ampliando sua relevância com novos investimentos e operações. Em 2025, a multinacional Aura Minerals anunciou a compra da Mineração Serra Grande (MSG), em Crixás (GO), pertencente à AngloGold Ashanti, reforçando a presença internacional no território goiano. O negócio, que aguarda aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), deverá ser concluído até o final do ano.
Segundo o secretário de Indústria, Comércio e Serviços de Goiás, Joel de Sant’Anna Braga Filho, a movimentação confirma a estratégia do governo estadual de fortalecer o setor. “Goiás vive um novo ciclo da mineração. Temos atuado para atrair investimentos e garantir sustentabilidade por meio do Plano Estadual de Recursos Minerais (PERM), que norteará o setor pelos próximos 20 anos”, afirmou.
Atualmente, Goiás é o terceiro maior produtor mineral do Brasil, atrás apenas de Minas e Pará, e concentra importantes operações em Catalão, Ouvidor, Crixás, Alto Horizonte e Mara Rosa, com destaque para a produção de ouro, nióbio, fosfato e cobre. De 2003 a 2024, o número de municípios goianos que arrecadam a Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM) saltou de 70 para 162, um aumento de 131%.
Goiás arrecadou R$ 3,2 milhões em CFEM e criou mais de 6,5 mil empregos no setor em 2025
Receita e empregos em alta
A arrecadação total do setor mineral no trimestre somou R$ 26,3 bilhões, alta de 34,4%, com R$ 2 bilhões provenientes da CFEM, distribuídos entre 2.778 municípios. Goiás ficou entre os três estados que mais receberam recursos, com R$ 3,2 milhões.
O segmento também gerou 6.585 novos empregos diretos entre janeiro e agosto, alcançando 227,5 mil trabalhadores com carteira assinada. “O dinamismo da mineração é visível não só nos números de exportação, mas também na geração de renda e tributos para os municípios produtores”, acrescentou Jungmann.
Perspectivas e sustentabilidade
O Ibram prevê que o setor de mineração deverá encerrar 2025 com crescimento acumulado próximo de 20% e investimentos na casa de US$ 50 bilhões para os próximos cinco anos. A expectativa é que Goiás continue expandindo sua participação com novos projetos voltados à produção de minerais estratégicos, como terras raras, essenciais para a transição energética e tecnológica.
“A mineração brasileira está mais diversificada e conectada a uma agenda de inovação e sustentabilidade. Estados como Goiás mostram que é possível crescer com responsabilidade ambiental e social”, ressaltou Jungmann.
Com novos projetos, investimentos e aquisições, o setor mineral consolida sua importância econômica e reafirma o Brasil como uma das principais potências mineradoras do mundo — e Goiás, como um dos seus novos protagonistas.