O calendário corporativo e o clima de consumo apontam para um fim de ano de bonança para o setor de eventos. Após dois anos de recuperação acelerada, produtores, espaços e fornecedores se preparam para uma temporada em que confraternizações, convenções e eventos de incentivo devem puxar receitas — e testar a capacidade logística de um segmento que já opera em ritmo superior ao pré-pandemia.
Segundo o Radar Econômico da Associação Brasileira dos Promotores de Eventos (ABRAPE), o consumo do setor atingiu R$ 131,8 bilhões em 2024 e deve chegar a R$ 141,1 bilhões em 2025, um aumento real de 8,4%. O segmento emprega atualmente cerca de 179 mil profissionais e deve ultrapassar 186 mil postos formais no próximo ano — número 60% superior ao observado em 2019. Esses dados explicam por que o fim de ano se consolidou como um período-chave para geração de caixa, contratações temporárias e ativação de cadeias inteiras, da hospedagem ao transporte.
Incentivos fiscais e confiança no mercado
A manutenção dos incentivos fiscais do Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse), aprovada em 2024, deu novo fôlego ao setor. A prorrogação do benefício até 2026 trouxe previsibilidade tributária e ampliou a margem de investimento em infraestrutura e programação.
Para produtores e empresas, a medida fortalece o ambiente de negócios. “Após superar a maior crise de sua história, o setor agora colhe os frutos de uma recuperação sólida”, afirma Doreni Caramori Júnior, presidente da ABRAPE. Segundo ele, 2025 será o ano da consolidação das conquistas recentes e da abertura de novas oportunidades.
Experiências personalizadas são a nova tendência
Com o retorno da confiança empresarial, as confraternizações corporativas e os eventos sociais estão mais sofisticados e personalizados. As empresas têm optado por experiências exclusivas, jantares temáticos e ativações que unem tecnologia e propósito.
A personalização, impulsionada pelo uso de inteligência artificial e plataformas digitais, permite adaptar cada detalhe ao perfil dos convidados. Além disso, há uma crescente demanda por eventos sustentáveis, com práticas alinhadas a ações ESG e escolhas gastronômicas mais conscientes. “As empresas estão reduzindo o tamanho das festas, mas investindo mais por participante”, observa um consultor do setor.
Festas corporativas ganham sofisticação e tecnologia neste fim de ano
Desafios logísticos e pressão de custos
Apesar do otimismo, o setor enfrenta gargalos. O aumento dos custos de energia, alimentação e serviços terceirizados pressiona as margens. A concentração de eventos nos últimos meses do ano também gera disputas por fornecedores, mão de obra e infraestrutura.
Profissionais da área relatam reajustes de até 15% nos preços de locação e catering em relação ao mesmo período de 2023. Para evitar imprevistos, especialistas recomendam que empresas planejem com antecedência e priorizem contratos com cláusulas de flexibilidade, além de fornecedores com histórico de cumprimento de prazos e gestão de riscos.
Outro desafio é o equilíbrio entre experiência e custo. A digitalização de processos — como credenciamento, check-in e avaliação em tempo real — tem ajudado a reduzir despesas fixas e a oferecer soluções mais ágeis e seguras.
Tecnologia e descentralização impulsionam o setor
O avanço das plataformas digitais e dos modelos híbridos tem transformado o mercado de eventos. As vendas online de ingressos e serviços permitem maior alcance e fidelização do público, enquanto soluções integradas de dados ajudam promotores a entender o comportamento dos participantes.
Além disso, o crescimento dos eventos regionais tem descentralizado o calendário nacional, fortalecendo ecossistemas locais e criando novas oportunidades de receita fora da alta temporada. Casas de shows, centros de convenções e espaços multiuso ampliam investimentos para atender a diferentes formatos de evento.
Em resumo, o fim de ano de 2025 promete ser um termômetro para o setor. Com demanda aquecida, incentivos fiscais e avanço da profissionalização, a expectativa é de receitas em alta e consolidação do mercado. Mas quem vai colher os melhores resultados será quem souber planejar, inovar e investir em experiências que combinem emoção, propósito e eficiência.