O cessar-fogo entre Israel e Hamas volta a ser pressionado após uma série de ataques e declarações que reacenderam a tensão no Oriente Médio. Os negociadores norte-americanos Steve Witkoff e Jared Kushner retornaram à região nesta segunda-feira (20) para tentar garantir a continuidade das próximas fases do acordo firmado com mediação de Washington, que previa nesse primeiro momento a libertação de reféns em troca do fim dos ataques.
De acordo com o gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu recebeu os dois enviados na véspera da chegada do vice-presidente dos Estados Unidos, J.D. Vance, nesta terça-feira (21). A visita ocorre em meio a uma nova onda de violência no último domingo (19).
Cidade de Gaza sob escombros (Foto: Wikimedia Commons)
Acusações de violação
Segundo o governo israelense, após supostos ataques do Hamas, que deixaram dois soldados de Israel mortos, o sul de Gaza voltou a ser bombardeado. Seguindo ordens de Netanyahu de uma “forte retaliação”, dois aviões atacaram a região, matando 45 palestinos, segundo hospitais e a Defesa Civil de Gaza.
O Ministério da Defesa de Israel afirmou na segunda-feira que o Hamas violou os termos do cessar-fogo e registrou “dezenas de incidentes” de “terroristas cruzando a linha amarela”. Em entrevista ao programa “60 Minutos”, da CBS, Kushner declarou que “a maior mensagem que tentamos transmitir à liderança israelense agora é que, agora que a guerra acabou, se vocês querem integrar Israel ao Oriente Médio, precisam encontrar uma maneira de ajudar o povo palestino a prosperar e melhorar”.
Hamas pressionado
Em coletiva de imprensa na Casa Branca, Donald Trump elevou o tom ao advertir que, caso o Hamas descumpra o acordo de cessar-fogo, os EUA irão “erradicá-lo”. Segundo ele, “pela primeira vez na história, nós fizemos um acordo com o Hamas para que eles sejam muito bons. E eles vão se comportar. Eles vão ser gentis, e, se não, então, nós vamos erradicá-los, se precisarmos. Eles serão erradicados, e eles sabem disso”.
O presidente norte-americano acusou o grupo palestino de não cumprir o acordo, após o Exército israelense afirmar que apenas 12 dos 28 corpos de reféns foram devolvidos. Diante do impasse, a passagem de Rafah, principal rota de ajuda humanitária, segue fechada. Segundo Netanyahu, o corredor só será reaberto com a entrega total dos corpos.
Durante o mesmo discurso, Trump voltou a caracterizar o Hamas como um movimento hostil. “Este é um grupo violento. Você provavelmente notou nos últimos cem anos. Eles ficaram muito indisciplinados, eles fizeram coisas que não deveriam estar fazendo. E, se eles continuarem fazendo isso, então, nós vamos entrar e resolver isso, e isso vai acontecer muito rapidamente, e bastante violentamente, infelizmente”, afirmou.
O Hamas, por sua vez, respondeu que enfrenta dificuldades para recuperar os corpos sob os escombros deixados pelos ataques israelenses. O grupo nega ter rompido a trégua e afirma que continua comprometido com os termos do cessar-fogo.
Cessar-fogo continua
Apesar das trocas de acusações, Trump declarou no domingo (19) que o acordo permanece em vigor. Questionado por repórteres a bordo do Air Force One, ele respondeu: “Sim, está”. E acrescentou: “Mas, de qualquer forma, isso será tratado da maneira adequada. Será tratado com firmeza, mas de forma adequada”.
O presidente também sugeriu que eventuais violações não partiram da liderança do Hamas, mas “de alguns rebeldes internos”.
A nova escalada representa uma ameaça ao cessar-fogo implementado há quase dez dias, resultado direto da mediação dos EUA, Egito, Turquia e Catar.
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