A saída antecipada do ministro Luís Roberto Barroso, agora aposentado, do Supremo Tribunal Federal (STF) alterou a dinâmica das relações políticas. No centro de uma das discussões está o ex-presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Aliado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Pacheco é um dos cotados para assumir a vaga na Suprema Corte, porém, para o chefe do Executivo, o senador tem outra missão: disputar o governo de Minas Gerais.
Desde que deixou a presidência da Casa Alta, Pacheco é cortejado pela cúpula petista para ser o nome da base governista na disputa por Minas Gerais. A última vitória do PT na disputa pelo governo mineiro foi em 2014, com o ex-governador Fernando Pimentel. Desde 2018, o estado é comandado pelo atual governador Romeu Zema (Novo), aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A questão que permeia é que o Planalto precisa de um nome competitivo em Minas, que é o termômetro das eleições nacionais. Desde a redemocratização, todos os presidentes eleitos venceram no estado — que é o segundo maior colégio eleitoral do País, com mais de 16 milhões de eleitores.
O doutor em Ciências Sociais pela Universidade de Brasília (UnB), Pedro Pietrafesa, ressaltou a importância que o presidente “tenha um palanque competitivo” em Minas. “É um estado extremamente estratégico para as pretensões de quem quer se eleger presidente da República. É fundamental que o Lula tenha esse palanque forte e o Rodrigo Pacheco, apesar de nas pesquisas de intenção de voto ainda não estar deslanchando, é um nome que pode se tornar, ao longo da campanha, um nome bastante competitivo”, destacou o especialista.
Palanque de Pacheco em MG é mais importante
“É mais importante ter o palanque, do que efetivamente o Rodrigo Pacheco no STF. É a leitura que faço. O Pacheco na Corte seria bom para o Lula, mas seria mais importante ter ele como candidato ao governo do estado de Minas”, frisou Pietrafesa.
Leia mais: Lula se junta a seus contrários enquanto direita briga entre si
No que tange a indicação para o STF, Pacheco afirmou em entrevista recente que “não se faz campanha” para uma vaga no Supremo, mas que “não se recusa o convite”, parafraseando o ministro Flávio Dino, na época que o magistrado era um dos cotados para substituir Rosa Weber. O parlamentar recebe o apoio do atual presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e tem a simpatia dos ministros da Corte federal. Entretanto, não é o favorito para a vaga.
Advogado-geral da União, Jorge Messias é o favorito para ocupar vaga no STF | Foto: Emanuelle Sena/AGU
O advogado-geral da União (AGU), Jorge Messias, é o principal cotado para ser indicado por Lula à vaga de Barroso. Homem de confiança de Lula e dos petistas, Messias é protestante e membro da Igreja Batista. Sua ligação com a ala evangélica também é bem quista pelo Planalto, em razão da estratégia eleitoral para 2026.
Pietrafesa destaca que o apoio que Pacheco recebe do Senado e dos ministros da Suprema Corte é importante, mas ressalta que “Lula também está construindo o nome do Messias” para a vaga no STF.
Na atual conjuntura, o cenário ideal para Lula é ter Messias no STF e Pacheco candidato em Minas no próximo ano. Neste enquadramento político, o especialista afirma: “Para o Lula vai ser importante manter o Pacheco próximo. Essa indicação tem que ser feita de uma forma bastante conversada, para não gerar nenhum ruído entre o Lula e o Pacheco, para que eles se mantenham aliados para as eleições do ano que vem”.