A inauguração da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Dr. Hélio Seixo de Britto contou com a presença de autoridades municipais, estaduais e federais — e ganhou contornos políticos. O evento na última sexta-feira (17) contou com a presença do governador Ronaldo Caiado (União Brasil), o vice-governador Daniel Vilela (MDB), do prefeito Sandro Mabel (União Brasil) e aliados do Palácio das Esmeraldas. Pelo governo federal, o ministro de Cidades, Jader Barbalho Filho (MDB), participou do evento.
O tom político ganhou força no evento. Em seu discurso, Caiado criticou o repasse do governo federal para a conclusão da obra. Segundo o governador, quando o contrato foi assinado em 2013, o valor da obra seria de R$ 78 milhões, custeados pelo Executivo federal, com contrapartida de 10% do Governo de Goiás — ou seja, cerca de R$ 7,8 milhões. No entanto, o governador afirmou que o investimento total chegou a R$ 133,2 milhões, dos quais R$ 45 milhões vieram da União. O governo estadual e a Saneago arcaram com os R$ 87,5 milhões restantes.
Apesar de saudar o ministro, Caiado não poupou críticas ao governo federal. “Até agora, só recebemos R$ 45 milhões do governo federal, ou seja, 33,8%. O Estado de Goiás bancou 100% do resto. […] Queria que o Lula estivesse aqui, porque não sou homem de mandar recado. Queria falar isso diretamente para ele”, disse Caiado, ao dirigir-se ao ministro das Cidades. A presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegou a ser cogitada, mas não se confirmou.
Durante a entrevista para a imprensa, Caiado reforçou o tom das críticas. “Eu gostaria que o presidente da República estivesse aqui para que pudesse ver o quanto Goiás tem sido penalizado. Esta obra, assinada no PAC em 2013, foi bancada pelo Governo de Goiás”, afirmou.
O governador ainda aproveitou a oportunidade para criticar a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI), protocolada pelo PT, contra as leis estaduais que alteram o funcionamento do Fundo Estadual de Infraestrutura (Fundeinfra). Segundo Caiado, o partido deveria buscar “o mínimo de equilíbrio”. “Será que vão querer fechar o Cora também? O hospital Cora, que trata de câncer infantil, foi construído nesse modelo. Se esse modelo não serve para o PT, então vai fechar o Cora?”, provocou.
Tom conciliador
O ministro de Cidades adotou tom conciliador e exaltou as duas gestões. Jader destacou as ações do novo PAC e defendeu que a parceria entre o governo Lula e a gestão Caiado seja ampliada. O ministro disse que “as parcerias de sucesso”, como a da obra da ETE, precisam acontecer pelo Brasil, independente de quem esteja no comando do poder municipal, estadual ou federal. “Não precisamos olhar para os partidos, e sim para a população.”
Durante o evento, Jader Filho assinou contrato de R$ 150 milhões para ampliação da infraestrutura de saneamento e tratamento de água em Senador Canedo, ao lado do prefeito do município, Fernando Pellozo (União Brasil). O ministro também ressaltou o avanço do programa Minha Casa, Minha Vida. “Vamos contratar 2 milhões de casas até o fim de 2025, um ano antes da meta. Isso também é fruto da parceria com o Governo de Goiás”, disse.
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No meio do fogo trocado
Já Vilela optou por exaltar Caiado e ressaltar sua amizade com Jader. O vice-governador agradeceu a “gentileza” do ministro das Cidades por tratar das questões que permeiam Goiás. “Com sua diplomacia, que é peculiar, tem atendido às demandas levadas pelos prefeitos e pelo governo”, afirmou.
As críticas de Daniel foram reservadas para a gestão do ex-governador Marconi Perillo (PSDB), provável rival na disputa pelo Palácio das Esmeraldas em 2026. “O saneamento básico era sucateado pelo antigo governo do Estado. O governo anterior não tinha compromisso moral e ético com a Saneago”, disparou o vice-governador. “Goiânia e a Região Metropolitana foram penalizadas durante anos”, enfatizou o emedebista. (Especial para O HOJE)