Pré-candidato à Presidência da República, o governador Ronaldo Caiado (União Brasil) dá indícios de que não irá recuar da disputa pelo Palácio do Planalto em 2026. Sem apoio integral do partido, o chefe do Executivo estadual começa a negociar outras possibilidades e uma mudança de legenda não está descartada — o que acarretaria em mudanças significativas no cenário político goiano.
Recentemente, Caiado entrou em conflito com o senador Ciro Nogueira (PP-PI), presidente da federação União Progressista. O atrito entre o governador e o parlamentar teve início após uma entrevista de Ciro para o jornal O Globo, na qual o senador cita os governadores de São Paulo e Paraná, Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Ratinho Jr. (PSD), como presidenciáveis e não o governador goiano. Caiado classificou a declaração de Ciro como “ansiedade vergonhosa”.
Desde o atrito com Nogueira, as negociações de Caiado com outras legendas vieram à tona. O Solidariedade, comandado pelo deputado federal Paulinho da Força (SP), que deve se federar com o PRD, está nas tratativas. “Eu tinha um compromisso com Caiado. Caso ele quisesse ser candidato a presidente, e não tivesse legenda no União Brasil, o Solidariedade estava à disposição dele”, disse Paulinho à CNN Brasil.
Além disso, Caiado também negocia com o Podemos. A sigla é chefiada pela deputada federal Renata Abreu (SP). A legenda esteve perto de uma fusão com o PSDB, entretanto, discordâncias com a cúpula do tucanato acabaram por arruinar a negociação.
Com as negociações em andamento, a possível saída de Caiado do União Brasil resultaria em uma debandada geral do partido em Goiás. Não é exagero afirmar que a robustez do partido no Estado é resultado do exponencial capital político do governador.
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Caiado torna UB protagonista no Estado | Foto: Divulgação
UB protagonista em razão de Caiado
Atualmente, o União Brasil assume o papel de protagonista nas eleições goianas. É a legenda com mais prefeitos no Estado, com 94 eleitos em 2024; a maior bancada na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), com 8 deputados estaduais; e a maior bancada goiana, com 3 deputados federais, junto ao PT.
A situação da legenda, com Caiado, é confortável. O partido deve ocupar a vice na chapa majoritária chefiada pelo vice-governador Daniel Vilela (MDB). Além disso, a primeira-dama Gracinha Caiado (União Brasil) já desponta nas pesquisas eleitorais na disputa pelo Senado Federal. Contudo, em um cenário em que o governador deixe a sigla, é improvável que o partido esteja entre os protagonistas na disputa pelo Senado e pelo Palácio das Esmeraldas, já que as vagas não estão reservadas para o partido, e, sim, para o governador.
A situação na disputa pela Câmara está indefinida, já que pode haver uma debandada dos atuais deputados goianos do União Brasil. Silvye Alves já sinalizou que pretende deixar a sigla em janeiro. Zacharias Calil almeja disputar o Senado e deve buscar uma legenda que aprove seu projeto político. Já José Nelto pode voltar para o MDB. Entretanto, o partido não deve ter dificuldade em lançar candidatos. Entre os principais cotados já estão o ex-prefeito de Rio Verde, Paulo do Vale; o vice-presidente da sigla, Delegado Waldir; e o presidente da Goinfra, Pedro Sales.
Em síntese, o União Brasil é o principal partido do maior grupo político atualmente em Goiás. Porém, a legenda só ocupa tal posição por abrigar Caiado. Caso o governador troque de partido para viabilizar sua candidatura ao Planalto, o protagonismo da legenda chefiada por Antônio Rueda e ACM Neto em Goiás poderá estar com os dias contados. (Especial para O HOJE)